Economia

Complexo sucroalcooleiro projeta tornar Bahia autossuficiente em etanol e açúcar

A Bahia importa mais de 70% do seu consumo de etanol e açúcar. O estado consumiu 800 mil m³ de etanol em 2018 e produziu apenas 29,1%, de acordo com dados da ANP. Segundo o Sindaçúcar, o consumo do produto é de cerca de 600 mil toneladas, entretanto a produção baiana na safra 2017/2018 foi de 160 mil/toneladas, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar. Para reverter este quadro, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) criou o projeto de um Complexo Sucroalcooleiro cujo objetivo é tornar a Bahia autossuficiente na sua produção. Nos últimos 10 anos o setor teve investimentos de R$ 500 milhões, gerou 6,4 mil empregos e a perspectiva é desse panorama crescer.

A SDE tem atuado na prospecção e atração de investimentos no setor, em especial, na região do Médio São Francisco. A primeira usina, de um total de 11 previstas, está sendo implantada em Muquém do São Francisco. O protocolo de intenções com o grupo Sérgio Paranhos foi assinado, em outubro do ano passado, com investimentos de R$ 107 milhões e possibilidade de gerar 200 empregos diretos. A unidade industrial terá capacidade de produzir 1,9 mil sacas/ano de açúcar, 9,4 mil m³/ano de etanol anidro e 9,4 mil m³/ano de etanol hidratado. Os chineses também demonstraram interesse no negócio e preveem injetar mais de R$ 2 bilhões em usinas sucroalcooleiras.

“A implantação de um polo sucroalcooleiro será determinante para o desenvolvimento da região, com geração de empregos direto e indiretos, crescimento do IDH e estímulo da atividade econômica que vão efetivamente mudar a realidade do Médio São Francisco. A iniciativa visa incluir o estado nas estatísticas nacionais de produção de açúcar e álcool. Atendendo à demanda estadual dos produtos derivados da cana de açúcar, o polo vai elevar ainda a pauta de exportações do Estado”, afirma João Leão, vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico.

De acordo com dados da SDE, a produção baiana de álcool representa apenas 0,93% do cenário nacional. São 5 empresas fabricantes de álcool, o correspondente a 2,1% das fábricas existentes no país. Do total de álcool consumido no estado, 80% é utilizado como insumo industrial em três setores principais: produtos químicos (40%), construção civil (18%) e administração pública (8%). A Bahia é o 10º estado na produção de cana-de-açúcar e sete municípios, localizados nas regiões Sul e Extremo Norte do estado, respondem por mais de 95% da produção de cana, com destaque para Juazeiro e Caravelas.

O professor e pesquisador doutor Ademar Nogueira, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Industrial da Universidade Federal da Bahia, é defensor da retomada do programa Proálcool. O Programa Nacional do Álcool foi criado em 14 de novembro de 1975, pelo decreto 76.593, com o objetivo de estimular a produção do álcool para atender as necessidades do mercado interno e externo e da política de combustíveis automotivos. “Uma indústria sucroalcooleira é intensiva em mão de obra, levará industrialização para região, incentivará o desenvolvimento do ambiente tecnológico e vai estimular a economia do estado”, diz.

Mercado baiano

Referência em agricultura irrigada e produtividade de cana por hectare no estado, a Agrovale, em Juazeiro, tem capacidade instalada de produção fabril de 180 mil toneladas de açúcar e 115 milhões de litros de etanol. Segundo o diretor financeiro, Guilherme Colaço Dias Filho, são investidos anualmente em torno de R$ 30 milhões. Os empregos diretamente gerados, durante o período da safra, totalizam 4 mil na lavoura e 300 na indústria. Durante a entressafra essa quantidade reduz para 2 mil empregos na lavoura, mantendo-se os 300 na área industrial.

“Acreditamos que, pela importância socioeconômica que representa, com a geração de empregos e distribuição de renda, o setor é de relevante importância para o desenvolvimento baiano. Ratificamos a necessidade do apoio do estado para podermos competir e nos manter em atividade, e, sobretudo, preservar e ampliar a oferta de trabalho e renda”, afirma Colaço.

Já o presidente do Sindaçúcar e diretor-presidente da Usina Santa Maria, pertencente ao grupo São Luiz, Luiz Carlos Queiroga, acredita que a Bahia tem um enorme potencial para suprir suas necessidades de açúcar e etanol: “Com a cultura da cana-de-açúcar irrigada no Médio São Francisco e seus dois principais afluentes, o Rio Corrente e o Rio Grande, criando o maior polo sucroalcooleiro/energético da região Nordeste”.

Segundo Queiroga, a usina Santa Maria, em Medeiros Neto, investe anualmente cerca de R$ 25 milhões na lavoura e na indústria, gera atualmente 1,5 mil empregos diretos e vem aumentando anualmente sua capacidade de produção e eficiência, que hoje é de 120 milhões de litros de etanol. A unidade não produz açúcar. Já a usina Santa Cruz, em Santa Cruz Cabrália, pertencente ao mesmo grupo, produz atualmente cerca de 25 milhões de litros de etanol.

Mostrar Mais

Artigos Relacionados

Deixe um comentário

Botão Voltar ao topo