Garis inventores criam bomba d’água e máquina de beneficiamento da terra
Moradores de Pedra Lisa, Zé e Brandão são amigos de infância e dividem o sonho da formação em Engenharia. Vale a pena conferir!
Este ano, milhares de pessoas ao redor do mundo se comoveram com o filme “O menino que descobriu o vento”, produção Netflix inspirada no livro homônimo de Bryan Mealer sobre a história real de William Kamkwamba – um garoto pobre, nascido no Malauí, que mudou a vida da sua comunidade graças à inteligência, perspicácia e o amor pelos estudos.
Por isso, reservadas as devidas questões culturais e geográficas, não há como não enxergar semelhanças com a história de dois amigos inventores do Povoado de Pedra Lisa, em Ibititá (BA). José Augusto da Silva, o Zé, 38 anos; e João Luiz de Araújo, mais conhecido como Brandão, 34, são amigos desde a infância e coincidentemente trabalham como garis no serviço de limpeza pública do município. “Desde pequenos nós desmontamos e montamos as coisas, mexemos em motores e equipamentos e temos a curiosidade de saber como tudo funciona”, afirmou Zé, em entrevista ao Sertão Baiano.
Como a vida não é fácil (no Malauí e nem no Brasil), os dois, que também são cunhados, complementam a renda e garantem o sustento da família na lida com a terra e com uma pequena criação de animais. “No dia a dia, as dificuldades vão surgindo e a gente tem sempre uma ideia para facilitar o nosso trabalho”, revela Brandão. Após contraírem um empréstimo para furar um poço na zona rural, os garis inventores se viram diante de um novo desafio: como extrair a água para a superfície sem mais dinheiro para investir?… Foi aí que uma CBX 1987 completou o quebra-cabeça. Com a moto velha – que ainda é usada como principal meio de transporte pelos amigos – eles criaram uma bomba capaz de puxar 2.500 litros de água por hora com apenas um litro de gasolina. O projeto ainda inclui um sistema auxiliar com uma manivela, já que o combustível está pelos olhos da cara.
Fonte: Sertão Baiano
Texto: Daniel Pinto