Campanha Respeita as Mina leva música e orientação para o circuito Barra-Ondina
Informação, sensibilização, prevenção. Pega a visão. O assédio e a importunação sexual são crimes. Com o mote “Pega a visão e respeita as mina”, a Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado da Bahia (SPM-BA) leva, pelo quarto ano consecutivo, a campanha de enfrentamento às várias formas de violência contra as mulheres na maior festa popular da Bahia. Neste sábado (22), o papo reto foi levado pelas cantoras Larissa Luz, Luedji Luna e Xênia França, no trio Respeita as Mina. O circuito também conta com uma unidade móvel da SPM, localizada na Avenida Adhemar de Barros, em Ondina.
A secretária de Políticas para as Mulheres, Julieta Palmeira, destacou que é preciso acabar com o assédio; uma prática que, através dos anos, foi naturalizada. “A violência contra as mulheres é um problema de saúde pública, é um estado de alerta e a sociedade e o Governo do Estado têm que se envolver decisivamente para que a gente possa enfrentar esse desafio”. Ainda segundo ela, todas as formas possíveis de sensibilização são válidas, envolvendo homens e mulheres.
“Trata-se não só de punir e cumprir a lei. Mas de mudar essa cultura que tem transformado os homens em agressores e as mulheres em agredidas. Depois do não, tudo é assédio. É preciso que se pegue a visão e que se respeitem as meninas”.
A cantora Larissa Luz disse que cantar no Carnaval de Salvador já é uma emoção, mas cantar pelo programa Respeita as Mina tem um sabor especial. “Fazer essa festa, nos divertir, e falar sobre as nossas pautas, nossas necessidades e nossas urgências me faz sentir que a minha arte é útil. Isso me mostra o quanto é transformador fazer arte dessa forma”. Ela manda uma mensagem para quem está brincando o Carnaval. “Respeito. Pega a visão e respeita as mina”.
Parceira de Larissa luz e de Xênia França, Luedji Luna avaliou que a Bahia está no momento muito positivo. “Cantoras pretas como nós estão ganhando visibilidade. A minha música não é axé music, não é carnavalesca, mas eu faço questão de estar aqui participando dessa campanha, levando essa mensagem para essa multidão. Essa é uma prova de como estamos mudando esse paradigma, tratando essa questão durante o Carnaval que é popular, plural. a mensagem que eu deixo para quem está brincando o Carnaval é ‘não é não’, não existe outra mensagem”.
Alice Miranda, 38 anos, é assistente social e foi com mais três amigas acompanhar o trio Respeita as Mina. “Isso tem muito a ver com representatividade, ver mulheres poderosas e competentes levando essa mensagem. Elas são cantoras, profissionais, e nós que acompanhamos o trio também temos a nossa profissão, o nosso trabalho. Esse empoderamento é fundamental para que as outras gerações de mulheres hétero, homo ou transexuais se sintam representadas. Carnaval é um espaço de diversão, mas também espaço de conscientização”.
A coordenadora pedagógica Patrícia Ribeiro, 37, é amiga de Alice. “Mulheres negras falando de um empoderamento. Isso é bem simbólico para a gente, falar sobre a nossa história e trazer as mensagens de respeito às mulheres. Para nós, ouvir essas mulheres, que são potentes, poderosas, é fundamental”.
Unidade móvel da SPM
Acolhedora do programa Respeita as Mina, Monize Siqueira explica que a unidade móvel acolhe as mulheres em situação de violência. “Na dinâmica do Carnaval, nós não estamos fazendo atendimento. Nós fazemos a sensibilização, com a entrega do material da campanha, que este ano tem como tema Pega a Visão e Respeita as Minas. Durante o atendimento, nós orientamos sobre quais são os locais que as mulheres que sofreram importunação ou assédio devem procurar ajuda.
Monize informa, ainda, que a unidade funciona no local até a próxima terça-feira (25), das 16h as 0h, com psicóloga e assistente social e jurídica. “Também temos parceria com o Hospital da Mulher, para o caso de alguma delas sofrer uma violência sexual”.
Isabela Rodrigues tem 11 anos e foi com os pais para o carnaval na Barra. Ela parou na unidade móvel da SPM. “Esse tipo de trabalho é muito importante porque os homens precisam respeitar as mulheres. Não é não e pronto”, afirmou Isabela. O pai dela, Helder Rodrigues, diz que essa conscientização é muito importante, inclusive para reduzir os casos de feminicídio. “Uma conscientização dessas em uma festa como o carnaval, onde o assédio é histórico e corriqueiro, é bastante importante”.
A advogada Carolina Mendes tem 33 anos e também parou no posto móvel. “Esse trabalho é fundamental. Hoje em dia, quanto mais a gente mantém a discussão sobre a proteção da mulher, principalmente em festas como o carnaval, mais as pessoas ficam alertas. Nós mulheres nos sentimos mais protegidas sabendo que tem pessoas trabalhando em prol do combate à violência contra as mulheres. Carolina diz que tem também muitas mulheres que ainda não se conscientizaram de que tem o direito de dizer não. “Isso é cultural, e a divulgação desse direito das mulheres é uma forma de empoderá-las e de inibir os homens de ter atitudes como essas, de assédio”.