Vacinação na Bahia é tema de audiência pública na Assembleia Legislativa
Vacinação para Covid-19 na Bahia: Conquistas, Lutas e Desafios foi o assunto da audiência pública virtual realizada conjuntamente, nesta terça-feira (11), pelas comissões de Educação, Cultura, Ciência, Tecnologia e Serviços Públicos, presidida pela deputada Fabíola Mansur (PSB), e de Saúde e Saneamento, que tem à frente o deputado Eduardo Alencar (PSD).
Mansur, solicitante da audiência, abriu o evento elogiando o trabalho entre as secretarias estadual e municipais que tem colocado a Bahia entre os estados que mais avançaram na vacinação. “Nós sabemos da batalha que o estado e os municípios vêm fazendo. Inúmeras pessoas participam da logística. Foram criadas mais de 5 mil salas de vacinas, são 50 mil profissionais de saúde”, disse a parlamentar.
Ela parabenizou medidas como as de aquisição de 29 milhões de seringas pelo Governo do Estado e a estratégia da Graer (Grupamento Aéreo da PMBA), “que fez com que a Bahia pudesse estar entre os cinco primeiros estados na rapidez da distribuição da vacina”. Também saudou a população que cumpre as medidas sanitárias, as campanhas de enfrentamento a fakenews e, por fim, os esforços que os governos estadual e municipais têm feito diante, segundo ela, “de uma ausência de coordenação federal, que fez com que o Brasil se tornasse uma ameaça mundial, com novas variantes”. Fabíola aponta essa como sendo a causa do baixo índice de vacinação nacional, “alterando o cronograma e gerando mais pressão nos estados e municípios”.
O deputado Eduardo Alencar (PSD) agradeceu ao convite da deputada Fabíola Mansur para a realização da audiência pública conjunta e falou da importância do tema, ressaltando que é “preciso encontrar soluções no combate à pandemia da Covid-19”.
Primeiro convidado a palestrar, o secretário da Saúde de Salvador, Léo Prates, mostrou um panorama de todo o processo de vacinação na capital baiana, que já alcança aproximadamente 600 mil pessoas. Ele lembrou que, no momento, o Estado atravessa as 3ª e 4ª fases do Plano Nacional de Vacinação, que incluem as pessoas com comorbidades entre 18 e 59 anos de idade e públicos específicos, como profissionais da educação e forças policiais.
“Não é uma fase fácil. O MPF (Ministério Público Federal), a CGU (Controladoria Geral da União) e o MP-BA (Ministério Público do Estado da Bahia) têm cobrado muito para que as listas sejam auditadas. Lógico, há várias denúncias de pessoas (que atuam) como fura-filas, e a gente precisa comprovar a idoneidade do sistema. Essa é uma das grandes dificuldades do processo de vacinação do coronavírus”, disse Prates.
Ele destacou o trabalho conjunto com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e citou ferramentas criadas pela Prefeitura que vêm auxiliando no processo de vacinação, a exemplo do Vacinômetro, plataforma online com dados sobre a vacinação de grupos prioritários, e o Filômetro, para informar em tempo real a intensidade das filas nos pontos de vacinação.
Diretor-executivo da União dos Prefeitos da Bahia (UPB), o prefeito de Santana, Marcão, elogiou o papel da Sesab na distribuição de vacinas para as cidades baianas e criticou o Governo Federal pela dificuldade de entender a necessidade urgente de mais vacinas. Enfatizou ainda que doses a menos verificadas em frascos da Coronavac, distribuída pelo Instituto Butantan, estão prejudicando a vacinação da segunda dose em muitos municípios. “É urgente a tomada de atitude no sentido de compensar essas diferenças”, afirmou.
O secretário estadual da Saúde, Fábio Vilas-Boas, explicou o esforço que o Estado fez, desde o início, apoiando ensaios clínicos de vacinas como o da Pfizer, nas Obras Sociais Irmã Dulce, da Sinovac, no Hospital Couto Maia, da Janssen, no Hospital São Rafael, e também a busca para atrair outros fabricantes que realizassem estudos na Bahia, como o chinês Sinopharm, o Instituto Gamaleya, da Rússia (Sputinik V), e o Bio Cuba Farma.
Segundo o secretário, ao longo do segundo semestre de 2020, o Estado passou a se preparar para a chegada das vacinas ao mercado, adquirindo câmaras frigoríficas, seringas e, no final do ano, quando a vacina da Pfizer se tornou realidade, 30 ultracongeladores.
Sobre a logística da distribuição, ele destacou a utilização das aeronaves do Governo do Estado e outras contratadas junto a empresas aéreas da Bahia. O objetivo, de acordo com Vilas-Boas, é retirar as vacinas do pátio do Graer dentro de quatro horas de sua chegada e concluir a sua distribuição dentro de 12 horas, para todas as macrorregiões e, dali, para os municípios.
Outro ponto destacado por Vilas-Boas foi o desenvolvimento de um sistema para enfrentar a lentidão na vacinação em muitos municípios baianos, que só conseguiam distribuir de 50% a 60% do estoque até receberem nova cota. A Sesab colocou a meta de só repassar vacinas à cidade que tivesse distribuído 75%. “Houve, inicialmente, reclamação de vários municípios, porém, em uma semana, todos já estavam vacinando seus 75% a 80%. Quinze dias depois, ampliamos o limite para 80%”, concluiu.
Também foram palestrantes, no evento, Stela Souza, presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde da Bahia (Consems-BA), e o promotor de Justiça Rogério Queiroz. A audiência contou ainda com a participação dos deputados Hilton Coelho (Psol), Fátima Nunes (PT), José de Arimateia (Republicanos), Neusa Cadore (PT), Ivana Bastos (PSD), Bira Corôa (PT) e Maria del Carmen (PT).