Salvador – Marta dialoga com diplomata da ONU sobre o combate à intolerância religiosa
Vereadora defendeu a importância da manutenção do estado laico e da liberdade de culto
A vereadora Marta Rodrigues (PT) participou de um encontro, nesta terça-feira (18), com o diplomata da Organização das Nações Unidas (ONU), Gerson Brandão, e a presidente do Espaço Vovó Conceição, Ekedy Sinha, no Terreiro da Casa Branca, em Salvador. Com ampla experiência na mediação de conflitos e ajuda humanitária, Gerson já passou por mais de 90 países, tendo adquirido extenso conhecimento no funcionamento de missões de manutenção da paz, confrontos etnoreligiosos, além do desarmamento e reintegração de ex-combatentes.
A importância da manutenção do estado laico, da liberdade de culto e do combate à intolerância religiosa foram alguns dos temas que permearam o diálogo. Segundo Gerson, os planos de resposta humanitária da ONU buscam assistir pessoas em 31 situações de conflitos pelo mundo. Destes, 28 são de conflito armado, sendo que 21 envolvem questões de cunho religioso.
A vereadora Marta Rodrigues, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Salvador, disse que o legislativo, os poderes públicos constituídos e toda a sociedade devem estar atenta ao combate à intolerância religiosa e o uso indiscriminado de toda e qualquer religião com fins eleitoreiros.
“A fé é sagrada e não se pode brincar com isso, muito menos abusar do bom coração das pessoas. Então, Gerson nos alerta para o que está acontecendo lá fora e que, também, é uma realidade nossa. Precisamos ficar atentos para garantir que cada um possa ter o direito de vivenciar e professar a sua fé, em um estado laico, que respeite, permita e proteja todas as religiões e formas de culto”, afirmou.
“Percebemos que, por trás de projetos de dominação política, existe todo um método de envolvimento das pessoas com a religião. Isto acontece de maneira arquitetada, pensada, para um processo de manipulação e até de coerção em nome da fé. Temos cidades na África, onde o culto à Yemanjá não existe mais, por causa da intervenção de outras religiões que entraram nas comunidades, falando os dialetos locais para “demonizar” o culto ancestral que existia lá”, destacou Gerson, ao chamar a atenção para que este tipo de estratégia seja combatida em prol da liberdade religiosa.
Ekedy Sinha falou sobre a perseguição histórica que o povo de santo vem sofrendo ao longo dos séculos de colonização e enfatizou a necessidade da resistência e do respeito.
“Estamos vivendo um tempo de muito ódio, de muito desamor! Será que não basta todo o sofrimento dos nossos antepassados? Eles tiveram muita fé para resistir a toda forma de opressão e violência para que estivéssemos aqui hoje. Precisamos continuar acreditando, tendo fé e lutando pela nossa religião, que prega o amor, a preservação da natureza, o respeito, a tolerância e a convivência harmoniosa entre os seres humanos”, disse Ekedy.