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PESQUISA ELEITORAL – OS NÚMEROS NÃO MENTEM, MAS VOCÊ PODE MENTIR COM ELES

 

Como advogado e, com certa audácia de alguém que também se dedicou aos estudos da matemática, sinto-me no dever de expor algumas distorções de uma proposta de pesquisa recentemente registrada para as eleições deste ano em Itapetinga, amplamente promovida e comemorada pela turma do contra, como se fosse um troféu conquistado antecipadamente em uma disputa.

Ao examinar a metodologia da pesquisa apresentada no TSE, surgem algumas propostas, digamos, mal-intencionadas, que requerem questionamentos. Um exemplo é a ausência, no questionário, da opção para o entrevistado se declarar praticante de religiões de matriz africana. Isso mesmo. O formulário oferecido ao eleitor, cujo modelo está no site da Justiça Eleitoral, permite ao entrevistado se identificar como praticante de várias religiões, exceto as de matriz africana. Não sei qual o motivo dessa omissão, mas, se não for por preconceito, é no mínimo estranho.

Outro ponto que me chamou a atenção foram os percentuais indicados para a coleta de intenções de votos nos bairros. O universo de pessoas a serem entrevistadas é de 700 eleitores. Nessa distribuição percentual entre os bairros, existe uma discrepância alarmante, e não é apenas um erro numérico. Parece haver a sugestiva intenção de manipular a opinião pública, enganando inescrupulosamente o eleitor. Trata-se de uma tática ardilosa, pra não dizer escandalosa, que distorce dados para confundir e corromper o processo democrático.

Ao comparar os números de votos válidos das eleições de 2020 com os percentuais apresentados na distribuição da população a ser pesquisada, fica evidente que a metodologia usada é, no mínimo, questionável. A desproporção numérica na distribuição entre os eleitores dos bairros incluídos na pesquisa e seu real peso eleitoral é escandalosa.

Um exemplo evidente é o Distrito de Palmares, que representou apenas 1,42% dos votos válidos nas eleições municipais de 2020. No entanto, a pesquisa registrada sugere que 6,9% das 700 entrevistas de intenções de voto sejam realizadas em Palmares, o mesmo percentual, pasmem, proposto para Bandeira do Colônia. Todos sabem que em Bandeira há mais eleitores que em Palmares. Como justificar um aumento de mais de três vezes no peso eleitoral desse povoado? Isso não parece ser um erro inocente; aparenta ser uma tentativa clara de inflar artificialmente a relevância de uma área eleitoralmente menor, distorcendo a realidade em prol de interesses ocultos.

Enquanto isso, bairros significativos como Nova Itapetinga, com quase um quarto do eleitorado, estão sub-representados, compondo apenas 10,13% das 700 entrevistas propostas. Refiro-me ao maior colégio eleitoral da cidade, que foi deliberadamente reduzido a menos da metade de sua relevância real. Algum motivo obscuro ou suspeito está fazendo com que essa turma equipare o peso eleitoral da Nova Itapetinga ao de Palmares.

Resumindo, na Nova Itapetinga serão realizadas 70 entrevistas de intenções de votos, enquanto nos distritos de Palmares e Bandeira, somados, serão aproximadamente 100 entrevistados. Desculpem, mas isso não é um erro de cálculo. É um indício de manipulação ou, talvez, de completo desconhecimento dos dados eleitorais. Se o contratante da pesquisa não conhece seus próprios eleitores, como esperar que conheça a cidade e seus problemas? Talvez ele também tema descobrir a opinião dos eleitores da Nova Itapetinga.

A realidade é que a distribuição dos percentuais de entrevistados propostos para realização da pesquisa não só induzem ao erro, como comprometem a integridade do processo eleitoral. A prática de distorcer informações para confundir o eleitor é um desrespeito à democracia e à ética. Tentativas de manipulação como essas não são novidades no Brasil. Quem não se lembra das pesquisas de 2018 que previam vitórias expressivas em São Paulo e Belo Horizonte, completamente refutadas nas urnas? O mesmo truque vil está sendo usado agora, tentando induzir o eleitor de Itapetinga ao erro e aumentando a desconfiança nos institutos de pesquisa. Aliás, o instituto contratado para realizar essa pesquisa não fez sequer uma única pesquisa registrada nessas eleições e tem sua sede no município de Barreiras.

O que se espera de uma pesquisa de intenção de votos é, no mínimo, que seja séria e imparcial, com representatividade fiel. Não há como fugir da proporcionalidade real. Cada bairro deve ser representado de acordo com seu real peso eleitoral. Qualquer pesquisa que infla ou diminui a importância de certas regiões está comprometida e deve ser vista com desconfiança. Pesquisas não são palco para favorecer um grupo em detrimento de outro. Qualquer sinal de parcialidade desqualifica os resultados e levanta dúvidas legítimas sobre manipulação. Isso explica por que alguns grupos estão comemorando o resultado das pesquisas antes mesmo de sua divulgação. Estranho, não?

Nós, eleitores, precisamos estar atentos. A tentativa de distorcer a realidade por meio de pesquisas tendenciosas e mal elaboradas é uma prática antiga e desonesta. O eleitor de Itapetinga merece respeito. Manipular dados é enganar o povo, e isso não pode ser tolerado.

A verdade é o único caminho seguro em uma democracia. A manipulação deliberada dos números de uma pesquisa de intenção de votos deve ser denunciada e combatida. O eleitor tem o direito de tomar suas decisões com base em informações corretas, claras e autênticas. Aqueles que tentam corromper esse processo precisam ser expostos e condenados pela opinião pública.

A democracia é maior que as ambições mesquinhas de quem tenta distorcer a verdade para benefício próprio. Convido você, eleitor, a acessar o site do TSE e verificar os dados que mencionei aqui, confirmando as discrepâncias na metodologia da pesquisa em relação ao peso eleitoral dos bairros e distritos. Confira também outras distorções que inflacionam ou sub-representam certos bairros, colocando em xeque a credibilidade dos resultados. Não é necessário ser um grande estatístico para perceber essas discrepâncias que alteram as verdadeiras intenções de voto dos eleitores.

Basta um olhar atento no site da Justiça Eleitoral. Isso é matemática básica para quem não consegue dormir, mas na dúvida, chame o VAR e não se deixe iludir por falsos números. Como sempre digo: os números não metem, mas se pode mentir com eles.

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