Na Solenidade de Pentecostes, Menino Imperador leu decreto de libertação de um detento
Um Cortejo Imperial, na manhã de hoje (19) – Solenidade de Pentecostes -, tomou conta da Rua Direta do Santo Antônio, saindo da Igreja Nossa Senhora do Boqueirão e seguindo até a Matriz da Paróquia Santo Antônio Além do Carmo. Entre os que caminhavam, pessoas com trajes de época e o Menino Imperador – criança escolhida pela Irmandade do Divino Espírito Santo para representar a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que é o Advogado e Defensor de todos. À frente do cortejo estava o estandarte da Irmandade, e todo o percurso aconteceu ao som de instrumentos musicais. O Menino Imperador, já com a capa imperial, era Lucas Souza Santos, de 11 anos. “Para mim, é importante porquê eu estou representando o próprio Espírito Santo”, afirmou Lucas, consciente da responsabilidade que é ser o 254º Menino Imperador da história da Festa do Divino, em Salvador.
Ao lado dele, estavam os pais, Luís Silva e Daiane Silva. “É um momento de graça, de felicidade, de alegria. Nós somos da paróquia e eu participo aqui desde que me entendo como gente e ver o meu filho hoje ser o Menino Imperador é uma alegria, uma graça e nós só temos gratidão a Deus. Hoje também estamos lembrando do padre Ronaldo, que foi quem convidou o Lucas”, disse Luís. Padre Ronaldo Marques Magalhães, era o pároco da Paróquia Santo Antônio Além do Carmo, e faleceu em 2023.
Na porta da Matriz, o bispo auxiliar da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, Dom Marco Eugênio Galrão, coroou e entregou o cetro ao Menino Imperador, que, após ser anunciado, entrou no templo que estava lotado, sentando no trono preparado próximo ao altar. Em seguida, teve início a Santa Missa. “O Espírito Santo é derramado em nossos corações para vivermos e anunciarmos a palavra da Caridade, que é a língua de Deus. Enquanto cada homem quiser falar a própria língua, continuaremos sem nos entender. Quando começarmos a falar a língua de Deus, todos nós poderemos nos entender de maneira plena”, disse Dom Marco durante a homilia.
Ao final da Celebração Eucarística, o Menino Imperador, diante do bispo, fez a leitura do decreto de libertação de um homem que se encontrava preso e que foi libertado pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público da Bahia. Este gesto também acontece há 254 anos, já que na época, dois fortes próximos à Igreja funcionavam como cadeias públicas. Como os presos pobres não tinham como pagar as fianças, a Irmandade e o Menino Imperador da Festa do Divino saíam, durante todo o ano, recolhendo esmolas e assim pagavam o valor devido à Coroa Portuguesa pelo apenado, que recebia a liberdade. “No ano que vem, é nosso desejo retomar essa ação do Menino Imperador de pedir ajuda nas casas que estão próximas à Igreja. Com o dinheiro arrecadado poderemos fazer um almoço, para quem quiser, na praça aqui em frente”, destacou o pároco, padre Jailson Jesus.