Médicos anestesistas que atendem pelo plano de saúde dos servidores públicos da Bahia, o Planserv, suspenderam as atividades em Salvador. A medida foi tomada porque, segundo o Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), os valores pagos pelo plano, aos médicos, não são reajustados há 10 anos.
Com isso, pacientes que utilizam o plano receberam avisos de hospitais com o cancelamento de cirurgias. Uma dessas pessoas é a funcionária pública Selma Cardoso, que está afastada do trabalho há quatro meses, por conta de um problema na coluna.
Selma já seguia os preparativos para passar pela cirurgia corretiva, quando foi surpreendida com um e-mail do hospital onde faria o procedimento, informando que a desmarcação foi feita porque os médicos anestesistas iriam suspender os atendimentos aos beneficários do Planserv.
“Minha situação está terrível, porque eu tomo remédios fortíssimos. Eu tenho dificuldade de andar e, sem a cirurgia, talvez eu pare de andar. Então, minha situação tá complicada”, disse a funcionária pública.
Para fazer a cirurgia no dia previsto, Selma teria que pagar o médico anestesista. No entanto, ela diz que não tem como arcar com esse custo, já que paga o plano de saúde mensalmente.
“Nesse caso é necessário. Não tem como a gente arcar com honorários médicos, não tem. Principalmente com um anestesista. Sem ele, não tem como eu passar pela cirurgia. A outra [cirurgia] que eu fiz, eu passei 9h30 no centro cirúrgico. Como é que passa? Não existe isso”, argumentou Selma.
A justificativa da Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas (Coopanest-BA), para a suspensão do atendimento via Planserv, é chamada de inflexibilidade do plano para a liberação do reajuste dos honorários médicos.
A Coopanest informou ainda que esse reajuste, que não é feito há 10 anos, foi solicitado pela classe há três, além de outras pendências contratuais.
Segundo o vice-presidente do Cremeb, Júlio Braga, as cirurgias de emergência com anestesistas estão garantidas pelo plano.
“O plano de saúde que não aceita negociar. O governo do estado não aceita negociar e há meses vem postergando essa discussão. O Ministério Público foi chamado porque, inclusive, é uma questão de moralidade. O governo está recebendo dos servidores e precisa garantir o serviço, e não está garantindo nesse momento, por conta dessa falta de negociação”, pontua.
Outra paciente, que prefere não ter a identidade revelada, também sofre com o impasse entre o Planserv e os médicos anestesistas. Ela se preparou por três meses para fazer uma cirurgia bariátrica e agendaria o procedimento nesta segunda, mas foi informada de que precisaria pagar o anestesista por fora, cerca de R$ 2 mil.
“Quando eu liguei para o Planserv, o Planserv disse que iria resolver. Mas só que e o meu prazo? E minha cirurgia? Quanto tempo eu vou ficar esperando por isso mais? E a questão emocional, que fica logo abalada?”, questiona a mulher.
Por meio de nota, o governo do estado, responsável pela administração do Planserv, informou que os serviços de anestesia podem ser prestados diretamente pelos hospitais, pois já estavam previsto desde quando a rede credenciada estabeleceu relação contratual com o plano.
A nota diz ainda que o Planserv que está adotando todas as medidas necessárias para que as cirurgias continuem sendo realizadas sem qualquer tipo de prejuízo em toda a rede de prestadores.
Fonte: G1