Segundo dados divulgados neste mês no relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de doses de antibióticos consumidos no Brasil está entre os maiores do mundo, superando a média da Europa, Canadá e Japão.
O estudo incluiu dados de 65 países onde as estatísticas são captadas de forma rigorosa. O indicador usado foi o índice de doses diárias (DD) consumidas para cada mil habitantes. No Brasil, o índice ficou em 22 DD para cada mil habitantes, o que coloca o País como o 17º maior consumidor desses medicamentos entre as 65 nações avaliadas.
Segundo o médico infectologista e membro da Sociedade Paulista de Infectologia, Cláudio Penido Campos Junior, mais de 50% das prescrições de antibióticos no mundo apresentam algum tipo de incorreção, seja por falta de indicação, posologia, espectro ou risco de toxicidade.
O uso indiscriminado desse tipo de antibióticos está criando superbactérias tão resistentes que já matam 700 mil pessoas por ano no mundo. O fenômeno é considerado uma epidemia com graves consequências: a partir de 2050, as superbactérias matarão 10 milhões ao ano. “Se até lá o problema não for controlado, estamos falando de uma situação que causará mais mortes do que as doenças cardiovasculares e câncer”, alerta Cláudio.
Pensando neste assunto, o médico infectologista dá algumas dicas para você fazer a sua parte e proteger sua saúde ao ingerir esse tipo de medicamento:
– Nada de se automedicar! Esse tipo de medicamento deve ser receitado por um profissional habilitado;
– Procure seguir o tratamento de acordo com as orientações médicas, mesmo que você já se sinta melhor;
– Armazene o medicamento de acordo com as orientações da bula, não guarde antibióticos para utilização futura e atenção ao prazo de validade.
Além disso, o infectologista faz também algumas considerações importantes para os profissionais da área da saúde: “O indicado é que o especialista saiba definir adequadamente o diagnóstico, o tipo de infecção e os microrganismos envolvidos no problema e quais são os padrões de resistência desses microrganismos. Em resumo, se munir de informações epidemiológicas, clínicas e farmacológicas na hora de prescrever o medicamento”, finaliza o especialista.