FCA cobra frete caro e força mineradoras baianas a escoar por caminhão
Trecho que concessionária considera “sem demanda” entre Juazeiro e Aratu teve mais de 2,2 milhões de ton de minérios transportados pela estrada em 2020
Mineradoras nos municípios de Juazeiro, Jaguarari e Campo Formoso, região norte da Bahia, produziram e transportaram por caminhão mais de 2,2 milhões de toneladas de minérios em 2020. Apesar de haver opção ferroviária passando pelos três municípios e indo até o Porto de Aratu, próximo a Salvador, as empresas consideram o frete cobrado pela concessionária VLI proibitivo e preferem enviar por caminhão os materiais extraídos e processados.
Segundo levantamento feito pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) na base de dados de da Agência Nacional de Mineração, apenas o calcário produzido em Campo Formoso, importante produtor de cimento no estado, somou 1,1 milhão de toneladas. A lista de minérios que poderiam ir de trem para o porto inclui quartzo, cobre, cromo, areia e argila, dentre outros.
Para o presidente da Mineração Caraíba, Manoel Valério, a revitalização da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) é fundamental para reduzir os custos de transporte da empresa. “Antigamente, o nosso concentrado de cobre era escoado pela ferrovia. Mas o custo ficou simplesmente inviável em relação ao transporte rodoviário. O que é um contrassenso, já que a ferrovia poderia transportar não só produtos de mineradoras da região, como Ferbasa, fábricas de cimento, mas também produtos agropecuários e combustíveis”, diz Valério.
VLI quer administrar ferrovia por mais 30 anos
Gerida pela VLI desde 1996, a FCA entrou no radar dos baianos no início de fevereiro deste ano por conta de uma consulta pública realizada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), sobre a renovação da concessão por mais 30 anos. Uma das vozes dissonantes foi a do presidente da CBPM. Para Antonio Carlos Tramm, a concessionária não trouxe benefícios para a Bahia e a concessão não pode ser aprovada sem que haja garantias de investimento e reativação da malha no estado.
“Já que em todos esses anos de vigência do contrato não foram tomadas providencias para melhorar a malha, por que não se estuda o desmembramento desta rede oferecida para que se façam duas ou três concorrências separadas? Quanto de carga produzíamos antes e quanto produzimos hoje? Nosso agronegócio hoje traz 20 milhões de toneladas pela rodovia até o porto de aratu. A VLI se queixa de não ter carga e eu me queixo de não ter trem para colocar carga”, disse Tramm.