Caminhando Nas Nuvens: A Realidade por Trás do Discurso
Por
Marco Correia
Advogado e pós graduado em Ciências Políticas e História Geral.
A tal “Mega Domingueira” realizada no dia 15 de setembro, vendida como um evento grandioso, não superou nenhuma expectativa — exceto, talvez, a expectativa de fracasso. As imagens que circulam nas redes sociais mostram, sim, um público, mas é preciso perguntar: essa “multidão” era composta de eleitores de Itapetinga ou de pessoas trazidas de outras regiões apenas para encher o evento? Sempre bom registrar que a prática de utilização de reforços vindo de cidades vizinhas, assim como o aluguel de militância, em local algum, reflete o real apoio da população local. Assim, falar em “fortalecimento” da Turma do Contra é, no mínimo, uma tentativa de enganar a opinião pública.
Em relação à presença de lideranças estaduais, o discurso foi mais do mesmo. A velha promessa de que Itapetinga será incluída na “rota dos governos federal e estadual” já foi ouvida inúmeras vezes e sempre resultou em frustrações. Aliás, o candidato a vice-prefeito João de Deus, “neoconvertido ao socialismo”, ao destacar a construção da Policlínica e das unidades do Minha Casa, Minha Vida, parece esquecer que esses projetos estão longe de resolver os problemas estruturais da cidade. É importante perguntar: quantas promessas feitas em gestões anteriores de José Carlos Moura foram realmente cumpridas? A revitalização da Júlio José Rodrigues e a instalação de unidades de atendimento médico, por exemplo, foram conquistas pontuais, mas não transformaram a realidade de Itapetinga.
Outro ponto que merece atenção é o discurso vazio da candidata oposicionista sobre “investimentos de grande porte” em Itapetinga. Onde estão esses investimentos? Mencionar projetos do passado que já foram realizados não é suficiente para convencer a população de que um novo governo trará algo diferente. A promessa de geração de emprego e renda precisa ser sustentada por um plano realista e consistente — e, até agora, não foi isso que vimos.
E, claro, não podemos ignorar a participação do governador Jerônimo Rodrigues, que pareceu mais interessado em fazer campanha do que em discutir soluções concretas para Itapetinga. Seu discurso de que “precisa de uma mulher como Cida Moura eleita prefeita” soa como mera retórica política, desvinculada da realidade local. Ele agiu mais como militante de campanha do que como governador, confundindo suas funções e misturando política de governo com a de partido. Ao longo de seu discurso, Jerônimo ignorou o respeito que deveria ter pelo MDB, partido de sua própria base e também do vice governador, não demonstrando o devido respeito ao pluralismo político e à diversidade de pensamentos que a democracia exige. Sobre o assassino trevo da Brasil Gás: nenhuma palavra. Fica pra próxima! Diga às famílias enlutadas.
Por fim, o grande elefante na sala: enquanto a “Mega Domingueira” tentava mostrar força, a realidade foi outra. A participação popular, embora anunciada como massiva, foi visivelmente limitada, sem o entusiasmo que se esperaria de um evento desse porte. E um detalhe irônico não pode passar despercebido: durante a “caminhada”, a própria candidata não caminhou! Não “botou os pés no chão”! Se reservou a assistir ao desfile das caravanas de outros municípios do alto do carro de som, sem contato direto com a população, observando, no estilo “don’t touch me”, a letárgica caminhada. Atitude que não me surpreende. Isso é simbólico do distanciamento entre a candidata e o eleitorado que ela supostamente representa.
Se alguém encontrar fotos dela realmente caminhando junto com o povo, seria interessante compartilhar, pois até agora, não há evidências de que ela tenha caminhado ao lado da população.
Em resumo, a narrativa de sucesso comemorada em redes sociais está longe da realidade que testemunhamos. A oposição pode tentar manipular a percepção pública com grandes declarações e promessas vazias, mas a verdade é que a população de Itapetinga está cansada de discursos e quer ver resultados concretos. Enquanto isso, Eduardo Hagge segue consolidando seu apoio popular, de forma genuína e sem apelar para teatralidades.
Mas a tal “domingueira” foi ruim em tudo? Não! O “paredão” deles é mais potente. Dia 6 de outubro vai dar pra ouvir o choro de longe!