Devoção a Santo Antônio valoriza Patrimônio Cultural no Pelourinho
O Tríduo de Santo Antônio, devoção que celebra o ciclo junino com rezas para Santo Antônio em três dias, começou na terça e terminou na noite desta quinta-feira (13), data em que se celebra o dia oficial do santo casamenteiro. A programação no Centro Histórico – organizada pelo Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), passou ao longo destes três dias por espaços como o Palácio do Rio Branco e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
O diretor do CCPI, André Reis, destacou a importância de trabalhar, de forma diferenciada, a Reza de Santo Antônio, realizada com o Coro da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que faz uma reza afro. “Conseguimos mesclar o clássico e o erudito com o popular, apresentando a Ópera Junina através do Núcleo de Ópera da Bahia, que faz os cânticos de Santo Antônio num formato lírico. O Núcleo é formado por solistas, sopranos, coro de vozes e pelo maestro Aldo Grizi, que veio especificamente da Itália para reger a Ópera”.
A celebração foi feita com o Santo Antônio da casa, e o Santo Antônio que corre as ruas. “Este Santo Antônio já foi para o Palácio Rio Branco no primeiro dia, no segundo dia para a Igreja do Rosário dos Pretos, e no terceiro dia, chegou ao Largo Quincas Berro D’Água, ou seja, há um verdadeiro caminho de valorização do Patrimônio histórico e cultural”, concluiu Reis.
Para o diretor, o Tríduo de Santo Antônio neste último dia, seguiu um roteiro interessante, fazendo o inverso dos outros dias. “Ao invés de começar com a Ópera, foi iniciado com a reza em nossa casa, no CCPI, e depois, os devotos saíram com o andor em procissão até o Largo Quincas Berro D’Água, onde ocorreram as apresentações da Ópera, quadrilha e encerramento do evento com o show de J. Velloso”.
Grizi destacou ainda que a participação da Ópera Junina representa a possibilidade do NOP transformar, de modo sintético, todo repertório das músicas de Santo Antônio. “O público gosta deste modo de apresentar, em forma popular de música. É uma proposta nova e um desafio. Estamos felizes em participar e dar uma contribuição a essa terra de novidades da Bahia”, disse.
“O grupo surgiu de uma brincadeira de escola, com uma atividade de Língua Portuguesa, e foi crescendo. Hoje, completamos 20 anos. Essa atividade junina saiu dos quatro muros da escola, perpassou pela comunidade, foi para o município de Itaparica, e, agora, representa a Ilha de Itaparica”.
O projeto é apoiado pela Prefeitura Municipal de Vera Cruz e traz a integração entre jovens de 13 a 25 anos, totalizando 135 componentes, abrangendo dançarinos, personagens, diretorias artística e administrativa, produção e banda de músicos. Os alunos são dos municípios de Itaparica, Vera Cruz e Salvador. “Neste terceiro dia do evento, estamos apresentando o tema A Promessa, baseado no romance Os Maias e também numa personagem de novela da Rede Globo”.
O artista nasceu em Santo Amaro da Purificação, terra natal de sua família, e ressaltou a alegria em participar da festa. “Estou contente em participar desta homenagem, deste festejo ao santo querido, popular Santo Antônio, que no sincretismo religioso é Ogum. Estamos juntos aqui, cantando e rezando, para pedir proteção para a nossa cultura popular, para a nossa liberdade, e viva Santo Antônio!”, comemora.