VERGONHA: FUNDOS PARTIDÁRIOS SERÃO BANCADOS POR CENTENAS DE MILHÕES EM EMENDAS QUE SERIAM DESTINADAS A SAÚDE, EDUCAÇÃO, SEGURANÇA E OUTROS SERVIÇOS ESSÊNCIAIS.
Quem realmente acreditou nas promessas de Eunício Oliveira, presidente do Senado, e Romero Jucá, líder do governo, quando ambos defenderam o uso de dinheiro das emendas parlamentares para abastecer o acintoso e bilionário fundo eleitoral aprovado na reforma política do ano passado? Emendas para saúde e educação são intocáveis, disseram à época. Mas quem pode dizer que não sabia o que aconteceria quando chegasse a hora de destinar o dinheiro aos partidos? Levantamento do jornal O Estado de S.Paulo apurou que R$ 472,3 milhões em emendas parlamentares para saúde e educação não chegarão a seu destino original, sendo direcionados para as campanhas de 2018.
Ambulâncias no Espírito Santo e transporte escolar em áreas rurais de Goiás estão entre os projetos prejudicados pela ganância dos partidos e candidatos. Mas não apenas a saúde e a educação saíram prejudicadas: segurança pública, agricultura, infraestrutura, universidades federais e projetos contra a seca também perderam dinheiro – uma obra que levaria águas da transposição do Rio São Francisco para municípios na Paraíba ficou sem R$ 10 milhões.
É a implantação, na prática, do financiamento público de campanha à custa do bem-estar da população, especialmente a mais pobre, que depende do Estado para ter acesso a serviços básicos. Após a aprovação do texto, o próprio relator da reforma política na Câmara, o petista Vicente Candido, admitiu sem pestanejar que “é muito para quem vai pagar, que é o povo brasileiro, e é pouco para quem vai receber, para o sistema atual” – ou seja: se pudessem, os políticos avançariam ainda mais sobre os recursos que deveriam servir à população, e não a campanhas eleitorais.
Após a proibição, pelo Supremo Tribunal Federal, das doações eleitorais de empresas, os partidos e os candidatos rejeitaram completamente a hipótese de fazer campanhas mais enxutas e baratas, preferindo o caminho mais fácil, de se apropriar do dinheiro do contribuinte brasileiro – seja pessoa física ou jurídica. E, como o orçamento é limitado, para se destinar mais dinheiro às campanhas seria preciso retirá-lo de algum lugar. Foi assim que as emendas parlamentares se tornaram o alvo preferencial dos partidos, e a essa altura pouco importava quais eram as áreas às quais esse dinheiro estava destinado em primeiro lugar. O povo brasileiro é que pagaria, como disse Vicente Cândido, independentemente do jogo de cena de Eunício e Jucá.
Enquanto isso nós os trouxas sentiremos na pele os reflexos de mais um capítulo da imoralidade que reina no meio político. Seremos duramente penalizados com aumento da carga tributária, dentre outras medidas que arrocham o povo para alimentar os famintos desenfreados que feito raposas se alimentam da nossa carne e não satisfeitos bebem nosso sangue.