Educação
Educadores celebram conquistas e reverenciam a memória dos heróis da independência da Bahia
Com o isolamento social por causa da pandemia do novo coronavírus, a comemoração da Independência da Bahia, neste 2 de Julho, exigiu nova formatação. Por meio de uma caminhada virtual, promovida pela Secretaria da Educação do Estado, professores e historiadores de diversas cidades do estado se encontraram em uma live, mediada pela jornalista Vânia Dias, da TVE, para celebrar a data histórica, que é um símbolo da resistência e da luta popular pela democracia na Bahia e no Brasil.
Na live, o Hino ao 2 de Julho comoveu a todos na voz da cantora, compositora e atriz Ana Barroso e na interpretação da fanfarra do Colégio Estadual Manoel Novaes. Na oportunidade, a Secretaria da Educação lançou o edital Prêmio Luís Henrique Dias Tavares, em homenagem ao renomado professor e historiador baiano. A premiação, cujo edital será publicado nos próximos dias, é voltada para a publicação de textos literários e técnicos/científicos, imagens, esculturas e pinturas, bem como os de registros de estudos e pesquisas que se referem à temática das lutas da Independência na Bahia, com desfecho no 2 de Julho.
O secretário da Educação do Estado, Jerônimo Rodrigues, destacou a simbologia do 2 de Julho. “Esta é uma história baiana e brasileira e temos a oportunidade de ouvir uma aula com professores e historiadores que nos mostram, com as suas pesquisas, a relevância do movimento popular para a conquista da independência. É uma aula de democracia e de resistência importantíssima neste momento em que, mais uma vez, o povo tem que se mostrar forte para vencer as dificuldades da pandemia”, afirmou.
A secretária de Promoção da Igualdade Racial do Estado, Fabya Reis, lembrou a participação das mulheres na luta pela independência da Bahia. “Foi uma luta que teve uma ampla participação popular, na qual destaco Maria Felipa, quilombola e marisqueira, que teve uma liderança importante nas ações pela independência. Fico feliz que esta data coincida com o mês da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, podendo todas nós termos ela como uma grande representante”, disse.
Já o doutor e mestre em Memória, Linguagem e Sociedade, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Ruy Medeiros, comentou sobre a participação do povo sertanejo. “Acredito que uma participação fundamental nesse processo de luta foi a caminhada dos sertanejos que se reuniram em municípios de sua região e se dirigiram até o Recôncavo Baiano e se juntaram aos lutadores. Foi uma época em que a Revolução Industrial já estava forte e os colonizadores não conseguiam controlar os interesses comerciais dos brasileiros, quando havia um crescimento na exportação do couro e do algodão”, contou.
Segundo o professor de Antropologia Marlon Marcos, da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), a comemoração e as festividades do 2 de Julho representam a complexa diversidade social baiana. “Vamos perceber que arrebatar das mãos das elites uma festa que se vê como uma data cívica para uma possível unidade nacional, foi a forma de a gente continuar a resistir, lutar, reconstruir e reclamar. Então, o caboclo não é só uma representação histórica de um processo identitário, mas uma representação das múltiplas relações afro-indígenas que possuímos na sociedade”, explicou.
Festa cívica e popular
A Festa da Independência da Bahia – ou Desfile do Dois de Julho – comemora a vitória sobre as forças coloniais na guerra de independência que expulsaram os portugueses de Salvador, no dia 2 de julho de 1823. Trata-se de uma festa popular e de caráter cívico, comemorativa da independência do Brasil em terras baianas. O cortejo ocorre, tradicionalmente, no dia 2 de julho, tendo seu início no Pavilhão Dois de Julho, ao lado da Paróquia da Lapinha, no Largo da Lapinha, onde está a imagem do caboclo, símbolo da independência da Bahia. O grande desfile popular, protagonizado pelas imagens do caboclo e da cabocla – reverenciando a força nativa sobre as tropas lusitan