A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) realizou, na manhã dessa sexta-feira (28), uma sessão especial sobre a nova Campanha da Fraternidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cujo tema desse ano é “Fraternidade e Ecologia Integral”, sob o lema: “Deus viu que tudo era muito bom”. A iniciativa conjunta dos deputados petistas Maria del Carmen e Marcelino Galo, que dividiram a direção dos trabalhos, reuniu, no Plenário Orlando Spinola, religiosos, representantes de movimentos populares, educadores, ambientalistas, autoridades civis, militares e eclesiásticas, para reflexões sobre a conexão da fé cristã com a responsabilidade socioambiental.
Os versos “Nesta Quaresma, à conversão, somos chamados / Cuidemos todos desta Casa, que é Comum”, entoados pelo diácono Marcelo Batista e a irmã Ana Castro, prepararam o clima de comunhão dos pronunciamentos na sessão, em sintonia com a Carta Encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, sobre “o cuidado da casa comum”, que completou 10 anos, e também da composição do Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis – ambos motivos de inspiração da Campanha da Fraternidade 2025.
Uma mensagem de dom Sergio da Rocha, arcebispo de São Salvador e primaz do Brasil – que recebeu, no dia anterior, o título de Cidadão Baiano na Casa – foi lida pelo padre José Carlos, presidente da Ação Social Arquidiocesana e pároco da Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe. O cardeal não pode participar da solenidade em virtude de viagem ao interior de São Paulo, para visitar um irmão que se encontra hospitalizado.
Em sua comunicação, o arcebispo lembrou que o tema da ecologia foi mais abordado ao longo dos 61 anos de campanhas da CNBB, sendo oito delas dedicadas à temática socioambiental, reforçando a importância do engajamento dos poderes públicos, sociedade civil, escolas e universidades, em tempos de grave crise social, ambiental e climática. “É urgente a ‘conversão ecológica’ (…) passar da lógica extrativista, que contempla a Terra como um reservatório de recursos sem fim, donde podemos retirar tudo aquilo que quisermos, como quisermos e quanto quisermos, para uma lógica do cuidado”, frisou dom Sergio, agradecendo o apoio da ALBA e dos proponentes em realizar a sessão especial.
“Estamos aqui para reafirmar que fé e política caminham juntas quando o que está em jogo é a vida”, declarou Maria del Carmen. Para a proponente, o lema da campanha desse ano não é apenas uma afirmação poética, “é um chamado à responsabilidade, à conversão, ao cuidado com a criação e com os mais pobres”. Ela trouxe a lume estudos que apontam que mais de cinco milhões de brasileiros tiveram suas moradias destruídas ou danificadas, nos últimos dez anos, por causa de desastres naturais, e que 94% dos municípios brasileiros decretaram situação de emergência ou estado de calamidade pública ao menos uma vez, nesse período.
Marcelino Galo, que é presidente da Frente Ambientalista da ALBA, destacou o quão atual e urgente é o documento do Papa Francisco que orientou a campanha, “com a ascensão novamente do supremacismo”, nos Estados Unidos, que ameaça a sustentabilidade do planeta com a “lógica desenfreada do produzir, consumir e descartar”. O parlamentar também exaltou a luta das comunidades tradicionais e dos povos originários na proteção do meio ambiente, além de elogiar as missas do padre Lázaro Muniz, da Igreja Rosário dos Pretos, pelo “combate decisivo ao racismo”.
O padre Lázaro Muniz lembrou do questionamento da ‘Elegia pela Terra Ferida’ (Padre Zezinho): “Que foi que fizemos contigo, ó Mãe Terra?”, fazendo um apelo para que mais políticas públicas alcancem as urgências climáticas. A coordenadora do projeto “Levanta-te e Anda” da Arquidiocese de Salvador, Gilcilene Ferreira, mais conhecida como Irmã Lena, registrou que a Ecologia Integral envolve as esferas ecológica, social, econômica, cultura, espiritual e política, sublinhando como “protagonistas na construção de um ambiente mais justo e sustentável” as cooperativas de reciclagem.
Os integrantes da mesa receberam uma Menção Honrosa de Direitos Humanos e Ecologia Integral Dom Hélder Câmara do padre Ferdinando Caprini, representante do Centro Afro Promoção e Defesa da Vida Ezequiel Ramin (Capdever), entre eles os assessores especiais Yulo Oiticica, da Secretaria estadual de Relações Institucionais, e Ailton Ferreira, da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, que também fizeram uso da palavra.
