Política
ALBA concede cidadania baiana para a cantora Alcione

O coração da Bahia pulsa mais forte ao acolher, com o Título de Cidadã Baiana, uma artista que transcende fronteiras e encanta gerações: Alcione Dias Nazareth. A proposição da deputada Olívia Santana (PC do B) ecoa o sentimento de um estado que reconhece em “Marrom” não apenas uma cantora de voz inconfundível, mas uma intérprete da alma brasileira, cujas canções tantas vezes encontraram ressonância na rica cultura e história da Bahia.
A solenidade, que foi presidida inicialmente pela deputada Ivana Bastos, transformou o plenário da Casa Legislativa em um caldeirão de aplausos, emoção e reconhecimento.
Recebida sob fortes palmas, a homenageada foi conduzida ao plenário pela deputada Cláudia Oliveira (PSD), pelas vereadoras de Salvador Aladilce Souza (PC do B) e Eliete Paraguassu (Psol) e pela presidente do Araketu, Vera Lacerda. Para coroar o momento, o coral da ALBA entoou o Hino da Bahia, embalando o público em uma atmosfera de celebração.
A presidente da ALBA, deputada Ivana Bastos, deu início à sessão com palavras que ressoaram no coração de todos: “Hoje, a Bahia abraça com título aquilo que já era verdade no coração do povo: Alcione Nazareth, a inconfundível Marrom, é baiana por essência, por identidade, por amor e por legado”. Um ato de reconhecimento, afeto e, sobretudo, justiça histórica e afetiva.
A proponente do título, deputada Olívia Santana, destacou a importância histórica do momento, ressaltando o merecimento de Alcione: “Não poderia ser indiferente a uma mulher negra, nordestina”. Emocionada, Olívia conectou a voz de Alcione às origens ancestrais. “A voz de Alcione é das deusas”, afirmou, evocando a força e a beleza que emanam de cada melodia.
“Este título não é apenas um reconhecimento formal, mas um abraço caloroso da Bahia a uma artista que já conquistou o Brasil e o mundo com seu talento e carisma. É um celebrar a união de duas forças: a potência musical de Alcione e a energia cultural da Bahia, que, juntas, se fortalecem e inspiram”, completou a parlamentar.
“Que esta nova cidadania seja um laço ainda mais forte entre Alcione e a Bahia, terra que certamente já sente o calor de sua voz como parte de sua própria melodia. Sua arte é um presente para todos nós”.
CATIVANTE
Ao longo de sua brilhante carreira, Alcione não apenas cativou multidões com sua voz potente e inconfundível, mas também construiu um legado de premiações e reconhecimentos. Sua arte transcende fronteiras, celebrando a cultura brasileira em sua pluralidade. “Alcione cantou a Bahia, a Lavagem do Bonfim, o Ilê Aiyê, o Araketu. Gravou Batatinha, Gil, Caetano”, pontuou a deputada Olívia Santana, ilustrando a versatilidade e a profunda conexão da cantora com as raízes do Brasil.
Com sua voz, Alcione deu vida a inúmeras canções que se tornaram hinos, representando a força e a beleza da mulher brasileira. “Você me vira a cabeça, me tira do sério”, como em “Você Me Vira a Cabeça”, a Marrom sempre soube traduzir sentimentos e realidades. “Todas as mulheres se sentem representadas pelas músicas cantadas por ela”, disse a deputada Olívia, ecoando um sentimento universal.
A comoção tomou conta do plenário com a presença do jovem Rodrigo, de apenas 10 anos, de Irecê, um fã mirim que emocionou a todos com sua admiração pela artista.
Walmir Lima, compositor da clássica “Ilha de Maré”, imortalizada na voz de Alcione nos anos 70, não poupou elogios. “Alcione apresentou minhas canções ao mundo”, declarou, destacando a artista como uma das maiores intérpretes brasileiras. Em um momento de pura emoção e homenagem à dupla, o plenário se uniu para cantar a canção que ecoou por todo o Brasil e pelo mundo.
A jornalista Maíra Azevedo, em nome dos fãs, celebrou o título como um momento de reparação e celebração, evidenciando o carinho e a admiração que a cantora inspira. Durante a sessão, vídeos de amigos e autoridades, como Margareth Menezes, Ivete Sangalo e o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, foram exibidos, reforçando o coro de congratulações.
O secretário de cultura da Bahia, Bruno Monteiro, destacou o papel fundamental de Alcione. “Alcione honra o Brasil profundo”, afirmou, classificando-a como uma voz essencial no combate ao racismo e na luta pelo empoderamento feminino. “Alcione é a voz que ressignificou o Nordeste para o mundo”, disse ele, enaltecendo a capacidade da artista de dar nova perspectiva à cultura da região.
Ao som de “As rosas não falam”, de Cartola, um mangueirense como a homenageada, Alcione recebeu a placa de Cidadã Baiana das mãos de Vovô do Ilê, de Juliana Ribeiro, do jovem Rodrigo, de Gal do Beco, de deputados e secretários de Estado.
GRATIDÃO
Em seu discurso de agradecimento, Alcione, com a emoção à flor da pele, declarou: “Para mim, a Bahia sempre foi a minha terra”. Um agradecimento do fundo do coração, com uma menção especial ao pai, que foi mestre da Banda da Polícia Militar do Maranhão. Ela compartilhou a história de como a negação do direito de seu pai de ser músico na fazenda o impulsionou, e, por sua vez, o levou a ensinar música a ela e a todos os irmãos, motivo de imenso orgulho. Finalizando, Alcione, que é da “terra de poeta”, declamou uma poesia de J. G. de Araújo Jorge, fechando a manhã dessa histórica segunda-feira com mais arte e emoção.
A sessão foi encerrada com a energia contagiante da música “Ê baiana”, gravada por Clara Nunes, de composição de Fabrício da Silva, Enio dos Santos Ribeiro, Eládio Gomes dos Santos e Miguel Pancrácio da Conceição Filho, deixando o público com o coração cheio de alegria e a certeza de que Alcione é, por direito e por amor, uma verdadeira baiana. “Ê Baiana, ê Baiana. Baiana boa. Gosta do samba. Gosta da roda e diz que é bamba”.
A mesa do evento contou com as presenças do secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro; da procuradora de Justiça, Márcia Virgens; da Mãe Ângela do Gantois; dos cantores e compositores: Nelson Rufino, Walmir Lima, J. Velloso, Edil Pacheco, Gal do Beco, Juliana Ribeiro; dos jornalistas Maíra Azevedo, Osmar Martins (Marrom); dos presidentes de Bloco: Zé Arerê (Bloco Alerta Geral), Vadinho França (Bloco Alvorada); da deputada federal Alice Portugal (PC do B), da atriz Gessy Gesse. O deputado Robinson Almeida (PT) também esteve presente no evento.