Política

Sessão especial homenageia centenário de nascimento do jornalista João da Costa Falcão

A defesa da liberdade de expressão e a história do antigo Jornal da Bahia ganharam destaque na manhã desta quinta-feira (28), durante a realização de uma sessão especial em homenagem ao centenário de nascimento do jornalista e escritor João da Costa Falcão, fundador do periódico e militante pelo partido comunista do Brasil. 
 
Em discurso no plenário da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), o deputado Alex Lima (PSB), proponente do evento, ressaltou a luta de Falcão por uma sociedade mais justa e igualitária. “Falar de João Falcão é falar de militância e de tudo o que remete à liberdade. É falar de um homem que ouvia as minorias e não media esforços para lutar por justiça social. João mostrou para a Bahia e para o mundo que a gente nasceu livre e morrerá livre”, afirmou o 1º vice-presidente da casa.
 
Durante pronunciamento na tribuna de honra, o deputado fez um resgate biográfico do homenageado. João Falcão nasceu em 1919, em Feira de Santana, sendo o segundo filho de um total de 13. Em Salvador, completou o ginásio, ingressou na Faculdade de Direito e na militância estudantil, integrando o Partido Comunista do Brasil e se posicionando contra a ditadura do Estado Novo. Ainda como estudante, lançou a revista antifascista Seiva e, em 1945, fundou o jornal O Momento. Além disso, casou-se com Hyldeth Ferreira Falcão, com quem teve sete filhos, 21 netos e 11 bisnetos. Suplente de Carlos Marighela como deputado federal, João dedicou a vida à disseminação de ideias, conscientização política e liberdade.
 
Segundo o deputado federal, Emiliano José, João Falcão foi uma figura importante na luta contra a ditadura militar. O parlamentar destacou a coragem do amigo no tocante ao Jornal da Bahia durante o período ditatorial. “Quando eu deixei a cadeia, ninguém queria me dar emprego. Mas fui recebido de braços abertos por João no Jornal da Bahia. Meu carrasco queria minha cabeça, mas João Falcão bateu de frente e me manteve no jornal”, lembrou. 
 
A vida de João Falcão foi contada em três etapas: desde a militância política de esquerda, perpassando pelas produções jornalísticas, até chegar à fase de empreendedor, no comando do Jornal da Bahia. 
 
Também integrando a mesa, o presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Walter Pinheiro, relembrou momentos ao lado do amigo. Pinheiro destacou a visão humana de João Falcão no que tange a desigualdade social. “Ele era de família abastada e sabia da importância do capital. Mas não aceitava as coisas como eram. João defendia que o capital deveria ser bem utilizado para amparar os mais necessitados”, afirmou.
 
O presidente da Academia de Letras da Bahia, Joaci Góes, elogiou as inúmeras obras de João Falcão. Góes foi enfático ao ressaltar a qualidade da escrita e o senso crítico do amigo. “Ele foi o melhor memorialista da história do Brasil contemporâneo”, disse, em discurso.
 
Representando os filhos do jornalista, falecido em 2011, a filha Adenil Falcão ressaltou a forma como o pai enxergava a vida. “A vida de meu pai teve um fio condutor, que foram a coerência e a coragem para não se abater e seguir a própria convicção até o fim. Isso serve de exemplo para todos nós”, disse. 
 
Quem também participou da homenagem foi João da Costa Falcão Neto, que lembrou como era a convivência com o avô. “Meu avô nos ensinou a respeitar a todos, independentemente das condições e convicções políticas. Isso é humanidade e democracia. Todas as nossas conversas e jogos de baralho eram pautados no respeito e carinho”, contou. 
 
Além dos citados, participaram da sessão especial o deputado Eduardo Salles (PP) e o vereador Justiniano França, representando o prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins, além de amigos e familiares do homenageado.
 
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