Poucos dias após a decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) declarar o forró como Patrimônio Imaterial do Brasil, surge a possibilidade das quadrilhas juninas de Salvador serem reconhecidas através do processo de tombamento. A proposta é um Projeto de Indicação nº 511/2021 do presidente da Comissão de Cultura da Câmara Municipal de Salvador, vereador Sílvio Humberto (PSB), a fim de salvaguardar o bem cultural que, embora represente imenso valor e contribuição sociocultural, sofre com a falta de políticas públicas específicas.
“A proposição de tombamento é no sentido de reconhecer as quadrilhas juninas enquanto matriz tradicional de cultura, o seu papel pedagógico no campo artístico e profissional, além do conjunto de contribuições que vai desde a formação de crianças, jovens e adultos, até o potencial criativo e econômico para a sociedade. É uma reverência ao histórico de coletividade e resistência”, pondera.
Para somar forças aos grupos e ao projeto, o edil emendou ao texto do Plano Municipal de Cultura – projeto do Executivo (PLE Nº 208) do qual foi relator -, políticas direcionadas à garantia da existência e manutenção dentro e fora do período festivo, como ampliação do calendário junino para o mês de julho, mapeamento e cadastro no Sistema Municipal de Informações e Indicadores Culturais para participações em eventos, linha de crédito para MEI, CNPJ e pessoa física, dentre outras. Todas as emendas e demais ações construídas com grupos de quadrilhas soteropolitanas em reuniões e audiência pública realizadas pelo mandato do vereador.
“São iniciativas que visam assegurar a subsistência de coletivos que, na maioria dos casos, sequer têm espaços próprios para realizar ensaios ou financiar a mobilidade de seus integrantes para a participação em festivais e demais celebrações”, explica.
Segundo o Fórum Permanente de Quadrilhas, Salvador já teve cerca de duzentas juninas e atualmente conta com sete no formato adulto e duas mirins, são elas Junina Capelinha (Taís Brandão), Forró do ABC (Mariete Lima), Imperatriz do Forró (Armany Celebridade), Forró Asa Branca (Alexandre Chaves), Flor de Cajazeiras (Sukka Silva), Brilho do Luar (Valério Barbie) e Coração Nordestino (Edson Domingos), e Germe da Era (Ninha Estrela), Forró do Luar (Ana Franco), respectivamente. A redução se deu pela ausência de políticas públicas e incentivos.
