Política

Políticos, comunidade acadêmica, artistas, segmentos antirracistas e de mulheres lançam o Comitê pela Liberdade e Democracia em Cachoeira

Mais de 100 pessoas, entre representantes de diversos partidos políticos, de universidades federais (Ufba e UFRB) e estaduais (Uneb), bem como artistas e integrantes da Sociedade Civil Organizada participaram, nesta sexta-feira (30), do lançamento do Comitê pela Liberdade e Democracia em Cachoeira, ato que também serviu de apoio para a prefeita Eliana Gonzaga (Republicanos), que sofreu insultos racistas e ameaças de morte e sua vice Cristina Soares (PSB). Participaram do encontro virtual, o senador Jaques Wagner (PT), as deputadas federais Lídice da Mata (PSB-BA), Alice Portugal (PCdoB-BA) e Teresa Nelma (Procuradora da Mulher na Câmara), os estaduais Ângelo Almeida, Fabíola Mansur (PSB), Olívia Santana (PCdoB) e Maria Del Carmen (PT), além dos vereadores de Salvador Silvio Humberto (PSB), Marta Rodrigues e Maria Marighella (PT).

Prefeita de Cachoeira, Eliana Gonzaga, disse que as intimidações vao além das ameaças e ocorrem na prática, ao citar os assassinatos de dois aliados com requintes de crueldade. “Em cada morte, eles mandaram um recado de a motivação era política, mas eu seguirei firme e não renunciarei, pois cumprirei o mandato que o povo de Cachoeira nos concedeu”, falou.

Em sua fala, Lídice da Mata, que idealizou o comitê, juntamente com os professores Manuel Passos e Zezinho, além do seu irmão Ary da Mata, disse que a Bahia não vai permitir que ocorra com uma política mulher o que houve com a vereadora Marielle Franco, que foi assassinada no Rio de Janeiro e mais de mil dias depois o crime permanece sem ser solucionado. “Eliana representa um movimento de coragem para enfrentar uma lógica de poderosos em Cachoeira, venceu uma eleição improvável e agora precisa exercer o seu mandato, pois o povo queria mudança e essa vontade precisa ser respeitada, pois a democracia é soberana. As mulheres, sobretudo as negras, precisam ter o exercício do Poder”, disse

A procuradora de Mulheres da Câmara Federal, Teresa Nelma lembrou que já enviou ofícios ao governador Rui Costa e ao procurador-geral do Estado, além do Tribunal Superior Eleitoral e Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos requerendo a apuração dos fatos e a adoção das previdências necessárias para a garantia da vida e exercício do mandato da prefeita Eliana.

O senador Jaques Wagner ressaltou a personalidade de luta do povo de Cachoeira e colocou-se à disposição da prefeita para que as ameaças sejam investigadas e os suspeitos devidamente punidos.

A secretária de Política para as Mulheres, Julieta Palmeira, disse a violência politica de gênero visa tolher a ocupação dos espaços públicos, mas que a sociedade já não mais aceita isso, embora sejam heranças cujas raízes são fortes, mas serão rompidas. “Essa mobilização vai garantir o mandato da prefeita e, principalmente, de uma mulher negra comandando os espaços de decisão”, observou.

A deputada estadual Fabíola Mansur ressaltou o apoio das secretárias de Estado, que abracaram a luta pela democracia e contra a violência sofrida pela prefeita. “Lá, vamos ter o primeiro centro de referência e atendimento à mulher negra, graças a uma articulação que fizemos junto ao Estado. Vamos fazer uma audiência pública sobre esse tema, pois não teremos um desfecho similar ao de Marielle (Franco) em Cachoeira”, disse.

A vice-prefeita de Cachoeira Cristina Soares ressaltou o sentimento de luta em defesa da democracia e disse que a independência e a liberdade do povo da sua cidade precisam estar permanentemente reafirmadas.

A deputada federal Alice Portugal disse que uma mulher negra no poder incomoda os poderosos, que são algozes da democracia. “Nós estamos vivendo isso no Brasil e Cachoeira está provando o que é a intolerância política e violência política de gênero. Estamos emprestando as nossas vozes para dizer não à intimidação e à impunidade”, ressaltou, numa referência aos aliados de Eliana Gonzaga que foram assassinados após a sua eleição. Já a estadual Olívia Santana lembrou que as oligarquias não suportam a democracia e que é preciso uma rede estar sempre mobilizada para o apoio às mulheres. “Os nossos mandatos precisam ser bem sucedidos, pois o ataque a Eliana é um ataque a todas as mulheres”, disse.

O vereador de Salvador, Silvio Humberto, disse que o comprometimento de Eliana e Cristina com a luta contagiou diversos movimentos de aglutinação de pessoas para que o mal, representado pelo racismo e misoginia não vencerá em Cachoeira.

Marta Rodrigues defendeu que a prefeita exerça o seu mandato com o apoio das mulheres para vencer juntas esse difícil momento de ataques às liberdades. Maria Marighella denunciou o golpe em curso na democracia, que foi iniciado com o impechament da presidente Dilma Rousseff em 2016, e lembrou os ataques a Eliana Gonzaga seguem os mesmos moldes, buscando ferir a legitimidade da representação popular.

O titular da Defensoria Pública do Estado, Rafson Ximenes, colocou o órgão à disposição e falou sobre os planos de implantar uma unidade permanente em Cachoeira.

Também participaram do ato a presidente da Unegro, Angela Guimarães e o coordenador do Coletivo de Entidades Negras na Bahia, Yuri Silva.

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