Cultura

Exposição e palestra destacam trabalho de Mário Cravo Neto vai até este Domingo

Parte do legado de Mário Cravo Neto, um dos maiores e mais importantes nomes da fotografia baiana, pode ser conferida de perto no Festival Transatlântico de Fotografia, que acontece no Centro Histórico de Salvador, até o domingo (24). 

As fotografias retratam símbolos da baianidade, dos ianomamis, da Salvador do século XIX e do período de escravidão. Todas elas tiradas pelas lentes de Mário Cravo Neto e de outros artistas como Claudia Andujar, Miguel Rio Branco, Marc Ferrez e Alberto Henschel.

A exposição dialoga sobre o “Homem Transatlântico” – denominação inspirada na formação da cultura identitária da primeira capital do Brasil e do povo brasileiro, em geral, que herdaram costumes de terras africanas e europeias, sem deixar de lado a ancestralidade indígena.

Dentro da programação deste segundo dia de festival de fotografia, o público assistiu à palestra “O transatlântico na obra de Mário Cravo Neto”, que teve como convidados o fotógrafo Christian Cravo (filho do homenageado) e Solange Farkas, na Igreja do Santíssimo Sacramento do Passo.

“Mário Cravo foi um dos artistas que, independentemente de ter tido uma carreira internacional, dedicou ao longo de quatro décadas de trabalho a cultura baiana e a cultura negra”, afirmou Christian. Ele falou sobre gestão do acervo do Instituto Mário Cravo Neto (IMCN) e as propostas de novas leituras das obras do pai, com destaque para uma projeção do mar da Baía de Todos-os-Santos dentro do Solar do Unhão. “É uma obra que tem todo o questionamento a respeito de nossas origens, dos escravos que saíram da Costa Oeste da África e foram parar no Solar do Unhão”.

De acordo com Christian Cravo, há 95 mil obras fotográficas de Mário Cravo Neto. A forma de o público ter acesso ao acervo se dá somente pelas ações promovidas pelo IMCN. Ele projeta que, num futuro próximo, uma coletânea de imagens será digitalizada e disponibilizada virtualmente.

Referência – O professor e artista Ayrson Heráclito, 51 anos, saiu do município de Cachoeira, no Recôncavo baiano, para acompanhar a exposição. Para ele, Mário Cravo Neto é uma das referências não só na fotografia, mas da arte brasileira. “Grande parte dos temas dele foi a complexidade da cultura da Bahia. E isso não passa a largo dessa herança nefasta do holocausto da escravidão. Então essa exposição é uma forma de purgar toda essa memória, reunindo obra de artistas importantes brasileiros que estão sempre comungando com lutas antirracistas, pacifistas, para afirmar a diversidade e a liberdade das pessoas”, disse.

O Festival Transatlântico de Fotografia integra a agenda promovida pela Prefeitura em comemoração aos 470 anos do aniversário de Salvador, e segue gratuitamente na Casa de Castro Alves, com painéis e palestras na Igreja do Santíssimo Sacramento do Passo, até este domingo (24). .

O primeiro encontro deste sábado (23) será às 10h30, com João Machado, que abordará o tema “O Sertão de João Machado”. Às 14h, Sílvio Frota e Bárbara Teles falam sobre “ O Museu Além do Acervo”. Fechando o dia, às 15h30, Raquel Miranda, Wlamyra Alburquerque e Lázaro Roberto estarão juntos na palestra “Fotografias da Escravidão e do Pós-Emancipação – Um histórico da Formação de Uma Identidade Visual dos Negros da Bahia”.

No domingo (24), a primeira atividade do dia volta a acontecer às 10h30, com Rodrigo Rossoni, que apresentará “O Olhar Comprometido”. Pedro Vasquez abordará “O Doce Suor Amargo de Miguel Rio Branco”, às 14h. Titus Rield encerrará o Festival Transatlântico de Fotografia às 15h30 com a “Coleção Retratos Pintados”.

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