Política

Deputada Fabíola Mansur disse que a Bahia perdeu um estadista

“A Bahia perdeu, nesta terça-feira (9), um dos seus melhores filhos. Todas as palavras e homenagens que eu possa colocar neste documento não serão suficientes para descrever o tamanho de Roberto Santos em seus 94 anos de vida”, declarou a deputada Fabíola Mansur (PSB), ao apresentar, na Assembleia Legislativa, uma moção de pesar pelo falecimento do ex-governador do |Estado.

Médico, cientista, professor, secretário de Saúde, reitor da Universidade Federal da Bahia, governador, ministro da Saúde e deputado federal. Segundo a socialista, estes são alguns dos muitos cargos e postos que o “Doutor Roberto Santos” ocupou ao longo de sua vida como profissional, intelectual e gestor público.
Roberto Figueira Santos era casado com Maria Amélia Menezes Santos (já falecida), “uma união bonita, de muita cumplicidade, que resultou em seis filhos e nove netos”, assinala a parlamentar, acrescentando que ele nasceu em 15 de setembro de 1926, filho de Carmem Figueira Santos e Edgard Santos, seu pai, também médico, fundador e primeiro reitor da Ufba e ministro da Saúde, “uma das personalidades mais importantes para a formação da cultura da sociedade baiana no século XX”.

Roberto Santos, informa a legisladora, formou-se médico aos 23 anos, na Faculdade de Medicina da Bahia, um dos alicerces da Universidade, “um período áureo sob a liderança do seu pai, que construiu uma referência nacional”. Mansur destaca que “Doutor Roberto” foi catedrático aos 30 anos e, antes mesmo de completar os 40, já era festejado na classe médica brasileira como uma das maiores sumidades do Brasil.

No documento, a presidente da Comissão de Educação, Cultura, Ciência, Tecnologia e Serviços Públicos da ALBA lembra que, ao voltar das temporadas de estudo no exterior, o ilustre baiano se dedicou à clínica médica e ao ensino superior. Em 1967, foi nomeado secretário de Saúde pelo então governador Luiz Viana Filho, mas ficou pouco tempo na pasta. Tinha acabado de preparar sua equipe técnica, quando a sucessão na Ufba mudou seu destino e o professor tornou-se reitor, “realizando um trabalho admirável, que marcou época”.

Ela elogiou o trabalho e as obras que Roberto Santos desenvolveu na administração pública. De acordo com a deputada, o médico construiu o maior hospital do Norte/Nordeste, que leva seu nome, e sempre atuou na defesa intransigente da ciência, contribuindo para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Doutor Roberto”, afirma a socialista, realizou obras que deram origem ao Pólo Petroquímico de Camaçari, foi presidente da Academia Baiana de Ciências, além de idealizar e implantar, em seu governo, o Museu de Ciência e Tecnologia, inaugurado em fevereiro de 1979, o primeiro equipamento do gênero na América Latina.
 
EDUCAÇÃO E POLÍTICA
 

A médica oftalmologista cita ainda o Parque de Exposições e o Estádio Metropolitano de Pituaçu, como obras fundamentais implementadas pelo ex-governador baiano, “que atendeu a todos municípios do Estado, numa gestão sem discriminar ou retaliar”. O balanço de governo “4 Anos Depois” é um documento fiel e uma fonte de pesquisa indispensável à análise daquele período, aponta a legisladora.
A vida acadêmica do professor Roberto Santos também foi profícua. Publicou mais de 40 obras, dentre as quais “Educação Médica nos Trópicos”, “O Ensino Médico no Brasil” e “A Pesquisa Médica no Brasil”. Era também membro da Academia Baiana de Letras e da Academia Nacional de Medicina.

A carreira política começou por volta dos 50 anos. Foi governador da Bahia entre 1975 e 1979 e, quando acabou o bipartidarismo, em 1980, filiou-se ao Partido Popular (PP), fundado pelo ex-governador de Minas Gerais,Tancredo Neves. Ingressou no PMDB em 1982, após a incorporação de seu partido. No governo do presidente José Sarney – o primeiro depois da reabertura política, Roberto Santos foi presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre 1985 e 1986, ministro da Saúde (1986/1987), e representante do Brasil no Conselho Diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), na Suíça, de 1987 a 1990. Na década de 90, o médico baiano foi para o PSDB, sendo eleito deputado federal em 1994, mesmo ano em que, aposentado, deixou suas atividades de docente na Universidade Federal da Bahia.

“Figura humana fantástica, homem digno e honrado, Roberto Santos foi personagem central e muito importante para a nossa história. Grande governador, ministro, deputado, reitor, professor. Tudo o que fez foi com perfeição e com a simplicidade de toda vida”, externou Fabíola, emocionada com a perda do homem simples e do governante sensível que determinou a revogação de uma lei racista e intolerante que obrigava os terreiros de candomblé a serem registrados na Delegacia de Jogos e Costumes da Secretaria da Segurança Pública (SSP). “Ele deu a dignidade merecida, acabando com a legislação que obrigava as Casas de Santo de Salvador a terem o registro na Polícia. Tenho certeza que hoje, em despedida para Roberto Santos, os tambores dos terreiros tocarão mais alto”.

Por fim, a parlamentar acrescenta que o “Doutor Roberto Figueira Santos significou o melhor da Bahia, como médico, professor, cientista, gestor, político e, principalmente, cidadão”. Em todos os cargos e funções que exerceu ele emprestou a mesma dignidade que aplicou na vida pessoal. Roberto Santos era um estadista e soube dignificar a Bahia em todas as suas áreas de atuação. “Agradeço a Deus por ter tido a honra da sua convivência. Sua vida é um exemplo”, encerrou a deputada.

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