Religião

Arquidiocese de Salvador instala o processo para a beatificação da Madre Vitória da Encarnação

A Arquidiocese de Salvador, por meio do Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, fará a sessão solene de instalação do processo de beatificação da Madre Vitória da Encarnação na próxima terça-feira, dia 19 de novembro. O evento acontecerá às 16h, no Convento do Desterro, localizado na Rua Santa Clara do Desterro, s/n, Nazaré. Em seguida, Dom Murilo presidirá a Missa.

Madre Vitória da Encarnação nasceu na cidade do Salvador, então capital do Brasil colonial, em 6 de março de 1661, sendo batizada no mesmo ano na antiga Sé da Bahia. Foram seus pais Bartolomeu Nabo Correia e Luísa Bixarxe. Teve um irmão e três irmãs. Conforme escreveu Dom Sebastião Monteiro da Vide (1720), a casa desta família era um exemplo de lar cristão.

Em 1675, quando Vitória estava com 14 anos, seu pai desejou enviá-la, juntamente com sua irmã mais velha, Maria da Conceição, para um convento nos Açores, em Portugal, porém a menina se recusou, dizendo que preferia que lhe cortassem a cabeça do que ser enviada para um convento.

Em 1677, quando foi fundado o primeiro convento feminino no Brasil, o Convento de Santa Clara do Desterro da Bahia, a menina, então com 16 anos de idade, havia se tornado avessa à religião, preocupando seus pais com o seu comportamento.

Após ter uma visão do Nosso Senhor Jesus Cristo, Madre Vitória da Encarnação passou a carregar uma cruz, durante as Via-Sacras às sextas-feiras, pelos corredores do Convento – Foto: Sara Gomes

Vivia em Salvador, naquela época, um jesuíta de muita piedade a quem o povo venerava como santo já em vida e tinha fama de ser um profeta, o padre João de Paiva. Foi a ele que o pai da menina Vitória recorreu aflito ao perceber que sua filha havia tomado aversão às coisas sagradas, pedindo ao padre que rezasse por ela. O padre João o acalmou dizendo que a menina seria, no futuro, uma grande religiosa.

Passaram-se alguns anos e Vitória começou a ter frequentes sonhos com a Mãe de Deus e seu Divino Filho. Neles a Virgem lhe apresentava o Menino e chamava-a para a vida consagrada. Em outros momentos via o Divino Menino a colher flores no caminho para o convento e a chamava para lá. Tais sonhos se repetiram inúmeras vezes, porém, Vitória não quis seguir o que a Virgem e o Menino pediam.

Numa terrível noite do ano de 1686, quando Vitória estava com 25 anos de idade, teve um sonho horrendo, no qual se via nos porões sujos e cheios de lodo de uma grande embarcação que navegava em alto mar. Viu neste sonho que estava acompanhada de pessoas impiedosas que caminhavam para a perdição. Enquanto que na parte de cima da embarcação haviam muitos religiosos contentes, pois caminhavam para a salvação. Seu Anjo da Guarda então lhe explicou que os navegantes da parte superior eram os que faziam a vontade de Deus e estavam salvos, enquanto que os que estavam nos porões, assim como ela, eram os que caminhavam para a perdição. Ao acordar deste sonho aterrorizador, pensou em sua vida e tomou a firme decisão de consagrar-se totalmente a Deus e passar a vida fazendo Sua santa vontade. E naquele mesmo ano, num domingo pela manhã, em 29 de setembro, dia de São Miguel Arcanjo, Vitória foi acolhida no noviciado das monjas clarissas do Convento do Desterro da Bahia e, juntamente com ela, foi acolhida também a sua irmã, Maria da Conceição. Recebeu neste dia o nome religioso de Vitória da Encarnação. Conforme seu desejo, fez profissão Solene em 21 de outubro de 1687, dia em que se celebrava na cidade de Salvador a festa das Onze Mil Virgens.

Mostrou-se grande em suas virtudes. Desapegada de tudo o que é mundano, quis fazer-se a menor de todas e aquela que servia a todas. Dotada de imensa caridade para com os mais desvalidos, desejou viver como uma escrava e adotou para si o estilo de vida das servas que viviam no mosteiro. Fazia suas refeições sentada no chão, como era costume entre os escravos da época, corria para fazer os trabalhos que ninguém queria, e por querer ser a menor de todas, foi diversas vezes ridicularizada e agredida pelas próprias escravas a quem ela tanto quis se fazer igual. Cuidava daquelas que adoeciam, levando-as para sua própria cela e de lá só saiam quando completamente curadas. Suportou diversas humilhações calada e com paciência, pois considerava-se digna de todas aquelas ofensas.

A Arquidiocese de Salvador, por meio do Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, fará a sessão solene de instalação do processo de beatificação da Madre Vitória da Encarnação na próxima terça-feira, dia 19 de novembro. O evento acontecerá às 16h, no Convento do Desterro, localizado na Rua Santa Clara do Desterro, s/n, Nazaré. Em seguida, Dom Murilo presidirá a Missa.

Madre Vitória da Encarnação nasceu na cidade do Salvador, então capital do Brasil colonial, em 6 de março de 1661, sendo batizada no mesmo ano na antiga Sé da Bahia. Foram seus pais Bartolomeu Nabo Correia e Luísa Bixarxe. Teve um irmão e três irmãs. Conforme escreveu Dom Sebastião Monteiro da Vide (1720), a casa desta família era um exemplo de lar cristão.

Em 1675, quando Vitória estava com 14 anos, seu pai desejou enviá-la, juntamente com sua irmã mais velha, Maria da Conceição, para um convento nos Açores, em Portugal, porém a menina se recusou, dizendo que preferia que lhe cortassem a cabeça do que ser enviada para um convento.

Em 1677, quando foi fundado o primeiro convento feminino no Brasil, o Convento de Santa Clara do Desterro da Bahia, a menina, então com 16 anos de idade, havia se tornado avessa à religião, preocupando seus pais com o seu comportamento.

Vivia em Salvador, naquela época, um jesuíta de muita piedade a quem o povo venerava como santo já em vida e tinha fama de ser um profeta, o padre João de Paiva. Foi a ele que o pai da menina Vitória recorreu aflito ao perceber que sua filha havia tomado aversão às coisas sagradas, pedindo ao padre que rezasse por ela. O padre João o acalmou dizendo que a menina seria, no futuro, uma grande religiosa.

Passaram-se alguns anos e Vitória começou a ter frequentes sonhos com a Mãe de Deus e seu Divino Filho. Neles a Virgem lhe apresentava o Menino e chamava-a para a vida consagrada. Em outros momentos via o Divino Menino a colher flores no caminho para o convento e a chamava para lá. Tais sonhos se repetiram inúmeras vezes, porém, Vitória não quis seguir o que a Virgem e o Menino pediam.

Numa terrível noite do ano de 1686, quando Vitória estava com 25 anos de idade, teve um sonho horrendo, no qual se via nos porões sujos e cheios de lodo de uma grande embarcação que navegava em alto mar. Viu neste sonho que estava acompanhada de pessoas impiedosas que caminhavam para a perdição. Enquanto que na parte de cima da embarcação haviam muitos religiosos contentes, pois caminhavam para a salvação. Seu Anjo da Guarda então lhe explicou que os navegantes da parte superior eram os que faziam a vontade de Deus e estavam salvos, enquanto que os que estavam nos porões, assim como ela, eram os que caminhavam para a perdição. Ao acordar deste sonho aterrorizador, pensou em sua vida e tomou a firme decisão de consagrar-se totalmente a Deus e passar a vida fazendo Sua santa vontade. E naquele mesmo ano, num domingo pela manhã, em 29 de setembro, dia de São Miguel Arcanjo, Vitória foi acolhida no noviciado das monjas clarissas do Convento do Desterro da Bahia e, juntamente com ela, foi acolhida também a sua irmã, Maria da Conceição. Recebeu neste dia o nome religioso de Vitória da Encarnação. Conforme seu desejo, fez profissão Solene em 21 de outubro de 1687, dia em que se celebrava na cidade de Salvador a festa das Onze Mil Virgens.

Mostrou-se grande em suas virtudes. Desapegada de tudo o que é mundano, quis fazer-se a menor de todas e aquela que servia a todas. Dotada de imensa caridade para com os mais desvalidos, desejou viver como uma escrava e adotou para si o estilo de vida das servas que viviam no mosteiro. Fazia suas refeições sentada no chão, como era costume entre os escravos da época, corria para fazer os trabalhos que ninguém queria, e por querer ser a menor de todas, foi diversas vezes ridicularizada e agredida pelas próprias escravas a quem ela tanto quis se fazer igual. Cuidava daquelas que adoeciam, levando-as para sua própria cela e de lá só saiam quando completamente curadas. Suportou diversas humilhações calada e com paciência, pois considerava-se digna de todas aquelas ofensas.

Seu corpo foi velado durante toda a noite na capela que a mesma havia mandado construir em honra ao Senhor dos Passos, e foi enterrado no dia seguinte no cemitério do convento. Ao tentar levar o corpo para a sepultura, o esquife tornou-se tão pesado que não se movia do lugar e as Irmãs não o puderam carregar. Ao se lembrarem do pedido da madre de que fosse levada à sepultura pelas escravas, chamaram-nas para que levassem o corpo. Quando estas levantaram o esquife, parecia não haver nele corpo algum, pois o mesmo estava leve como que quase sem peso.

Inúmeros foram os milagres narrados pelos seus devotos logo após sua morte. Sendo crescente o número desses supostos milagres, o então Arcebispo da Bahia tratou de interrogar as religiosas do Desterro sobre a vida que teve a Madre Vitória. Em 1720, apenas cinco anos após a sua morte, Dom Sebastião Monteiro da Vide publicou em Roma a biografia da “santa da Bahia” com o título “História da Vida e Morte da Madre Soror Victória da Encarnação”.

O zeloso Arcebispo jesuíta pretendia solicitar a abertura da sua causa de beatificação e chegou a compará-la à Santa Rosa de Lima. Porém, ele faleceu em 1722. Anos mais tarde, com a perseguição do Marquês de Pombal aos Jesuítas e a proibição de muitos dos seus escritos no Brasil, diversos livros se perderam. Isso dificultou a difusão da sua história. Mas a memória da Madre Vitória não se apagou dentro do convento em que viveu, nem nas mentes daqueles que pela tradição oral ou pelos poucos escritos que restaram, conseguiram saber da sua vida. E muitos ainda esperam vê-la elevada à honra dos altares.

Seus restos mortais encontram-se na Igreja do Convento de Santa Clara do Desterro e estão depositados acima de uma das portas que ligam o coro de baixo à nave da Igreja.

Fama de santidade

Entre as virtudes apontadas, em relatos, sobre a Madre Vitória da Encarnação, algumas se destacam. Uma delas era o dom que ela tinha de sonhar com as pessoas necessitadas e, em seguida, enviar ajuda. A Madre também era procurada quando as Irmãs do convento – enclausuradas – recorriam para encontrar objetos perdidos.

Na Missa celebrada por Dom Murilo pelos 300 anos da morte da Madre Vitória da Encarnação – em 19 de julho de 2015 -, o Arcebispo abordou, na homilia, o “destacado amor aos pobres: ora os atendia diretamente, especialmente no tempo em que era porteira deste Convento, ora motivava suas coirmãs a ajudá-los; ou, então, diante de casos concretos, pedia que seus familiares fossem em socorro de famílias necessitadas que haviam pedido a sua ajuda. Sentia, no seu coração, aquilo que ouvimos no Evangelho, referente a Jesus: “Viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor”.

Beatificação

A causa da beatificação possui um postulador que atua como uma espécie de advogado e tem a missão de investigar a vida do candidato à beatificação para verificar seu testemunho de vida e de santidade. No caso da Madre Vitória, o postulador da causa da beatificação será o frei Jociel Gomes, OFMCap. Ao ser iniciado o processo, começam oficialmente os estudos históricos sobre a época em que a Madre Vitória viveu e a busca por documentos relativos a ela como, por exemplo, o diário do Convento, possíveis cartas ou testemunhos.

A partir deste momento, é necessária a comprovação de um milagre atribuída a intercessão do Venerável. No Mosteiro, podem ser encontrados relatos de graças alcançadas por pessoas que recorreram à Madre Vitória da Encarnação.

Texto: Pascom da Arquidiocese de Salvador com informações históricas enviadas por Thiago da Matta

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