DIVERGÊNCIA: RUI FALCÃO EXPÕE MAL ESTAR NO PT COM POSSIBILIDADE DE APOIO A LIRA
Uma mensagem publicada pelo deputado Rui Falcão (PT-SP) neste domingo, 13, no Twitter revela o mal estar interno no PT com a possibilidade de o partido apoiar o candidato do presidente Jair Bolsonaro, Arthur Lira (PP-AL), na disputa pela presidência da Câmara. Na semana passada o PT barrou uma proposta de Falcão, ex-presidente do partido, para incluir em uma resolução o veto ao candidato de Bolsonaro.
“Por uma candidatura de oposição para derrotar Bolsonaro na eleição da Mesa da Câmara! O PT não pode votar no candidato do Governo. Vacina para todos e todas. Impeachment já”, escreveu o deputado.
Mas o trecho que mais chamou atenção é “o PT não pode votar no candidato do governo”. Na sexta-feira, 11, a executiva do partido se reuniu para discutir o posicionamento do PT na sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Devido à falta de consenso, o partido adiou a decisão e aprovou uma resolução na qual diz que vai trabalhar pela unidade da oposição a Bolsonaro na disputa pela Mesa da Câmara em torno de dois pontos: compromisso dos candidatos com uma agenda mínima contra retrocessos nas áreas econômica e de direitos humanos e respeite o critério da proporcionalidade na escolha dos cargos na Mesa e nas comissões. Enquanto isso, ganha tempo até que o quadro fique mais claro.
O PT se dividiu em três propostas. Um grupo, do qual Falcão faz parte, defende que a oposição lance um nome. O segundo, ligeiramente majoritário, advoga em favor do candidato de Maia. Um terceiro grupo, no entanto, defendeu apoio a Lira.
Na reunião da executiva, Falcão, que é ex-presidente do partido, propôs que a resolução incluísse explicitamente um veto a qualquer nome apoiado por Bolsonaro.
A proposta foi barrada por integrantes da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB) encabeçado por Washington Quaquá, um dos vice-presidentes da legenda, com apoio de deputados e líderes sindicais. O principal argumento deste grupo é que tanto Lira quanto quem quer que seja escolhido pelo bloco de Maia são “iguais” e, portanto, o PT deve apoiar aquele que oferecer mais vantagens ao partido.
Segundo integrantes da bancada petista na Câmara, tanto Lira quanto Maia se comprometeram a respeitar o critério da proporcionalidade. Com a maior bancada na casa, o PT ficaria sempre com a primeira escolha na definição dos cargos.
De acordo com dirigentes do partido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer pressa na definição. “Quem chega primeiro bebe água limpa”, disse o ex-presidente em conversa sobre o assunto.
Na semana passada, a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), disse ao Estadão que o principal objetivo do PT na eleição para a Mesa da Câmara é garantir mais condições de ação parlamentar. Em 2019 a legenda não apoiou Maia e foi excluída dos cargos tanto na direção quanto na presidência de comissões.
Segundo ela, caso o partido opte por apoiar um candidato de oposição, será para “marcar posição”, ou seja, ela vê poucas chances de um nome fora dos dois grandes blocos ser eleito.