Cultura

Flica encerra a nona edição com crescimento de público e inovação nas atrações

A nona edição da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica) chegou ao fim neste domingo (27), após quatro dias de intensas atividades culturais, com foco especialmente na diversidade dos temas. Mais de 35 mil visitantes participaram de lançamentos de livros, mesas de debates e outras ações, que incluíram iniciativas das secretarias estaduais de Cultura (Secult), da Educação, do Turismo (Setur), de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e de Políticas para as Mulheres (SPM), no Espaço Educar para Transformar, onde se concentraram as atividades promovidas pelo Governo do Estado.

A mesa de encerramento, neste domingo,  contou com as escritoras Bárbara Uila e Ludmila Singa e com a slamer Nega Faya. Segundo o coordenador-geral da Flica, Emmanuel Midad, a festa vem crescendo a cada ano. “A 9ª edição foi um sucesso total. A gente estima que mais de 35 mil pessoas tenham passado por Cachoeira nesses quatro dias de festa”. Para ele, a parceria com o Governo do Estado foi fundamental, como principal patrocinador. “O Governo do Estado participou também com conteúdo, as diversas secretarias estiveram presentes no espaço Educar para transformar, na fundação Hansen Bahia, com lançamentos de livros, saraus, shows musicais e outros eventos. Este ano a grande novidade foi o Geração Flica, com ações voltadas para receber os jovens inclusive de escolas de outros municípios”.

O jornalista e escritor Valdeck Almeida participou de diversas atividades durante os quatro dias de festa. “A Flica, como o próprio nome diz, é uma festa. Eu me sinto realmente inserido nesta festa. Para mim foi um momento de êxtase, eu pude escolher entre poesia, crônica, romance e me deleitar com o que a festa nos proporciona”.

Lançamentos

No sábado (26), no espaço Educar para Transformar, o antropólogo Vilson Caetano fez o lançamento do livro Corujebó, bateu papo com o público e deu autógrafos. “Este é um trabalho feito nos arquivos da delegacia de Jogos e Costumes, criada no ano de 1938 para regularizar os jogos e os costumes. E entre esses estava a obrigatoriedade de os terreiros de candomblé registrarem as suas atividades, eles precisavam de uma licença para fazer as suas festas. Essa obrigatoriedade só foi suspensa no ano de 1976. A polícia de costume realizava a verdadeira devassa nos nossos terreiros, mas isso não era registrado. E o Governo do Estado vem dando visibilidade a essas ações e a trabalhos como esse”.

O estudante de história Vitor Costa comprou o livro ‘Eu, empregada doméstica’, da escritora e rapper Preta Rara, lançado na Bahia também no sábado (26), no espaço Educar para Transformar. “Eu já conheci a Preta através do rap e acompanhava pelas redes sociais. A partir daí eu já me encantei com a forma como ela tratava a sua realidade nas suas letras, e também pelo modo como ela se expressa. Quando eu soube do trabalho da preta, que é este livro, e descobri que ela estaria aqui em cachoeira, aproveitei esse momento. Além dela ser uma rapper e escritora, ela é também historiadora e cabe a nós prestigiar os trabalhos dos historiadores pretos”.

Preta diz que vem muito à Bahia. “Só este ano é a quarta vez que venho ao estado, de onde é minha família, e eu estou muito feliz de lançar o meu livro aqui na Bahia, mostrando que a senzala moderna é o quartinho da empregada. Demorou muito tempo para eu entender que eu poderia ser protagonista da minha própria história, né. Por diversas vezes e em diversos lugares falavam sobre mim, e eu não tinha a minha própria voz”.

A secretária de Políticas para as Mulheres, Julieta Palmeira, conta que Preta Rara, além de rapper e escritora, é também arte-educadora. “Ela já esteve na Bahia outras vezes, participou do Fala Menina, promovido pela SPM. Neste bate-papo ela conta porque adotou esse nome, e fala da história dela, que é de fugir desta marca que ela já tinha, por ser filha de empregada doméstica, de ter sido também empregada doméstica e ela conseguiu ir longe na resistência, sendo hoje uma grande cantora e escritora”.

Comércio

A cidade cheia significa movimento nas pousadas, bares e restaurantes. A comerciante Edna Figueiredo Mascarenhas tem um restaurante há 40 anos. “Nesses quatro dias de festa o fluxo de vendas é muito maior, mais de 100% de aumento, e eu acho que a Flica hoje é uma festa maior do que o São João de cachoeira”.

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