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Bolsonaro repete Dilma

Para viabilizar a chegada ao poder e evitar uma nova derrota de Lula na disputa pela presidência da República, o Partido da Ética e da Esperança foi transformado por ZéDirceu e Lula numa Organização Criminosa. O assassinato do prefeito petista de Santo André, Celso Daniel, revelava o que viria a acontecer na esfera federal.

Ao invés de se aliar a partidos comprometidos com a Ética, o PT optou por cooptar a escória da política brasileira. Enquanto o cenário internacional permitiu, bancado principalmente pela grande demanda da China por commodities, a economia brasileira cresceu gerando recursos para um excelente programa de distribuição de renda que retirou mais de 20 milhões de brasileiros da miséria.

Mesmo com o escândalo do Mensalão, que levaria à condenação os principais dirigentes do PT, o excelente quadro econômico do país confere índices de aprovação superiores a 80% a Lula, que não consulta o partido e opta por escolher uma candidata sem tradição dentro do PT e sem qualificações e preparo para exercer a presidência e dar continuidade ao excelente trabalho realizado no seu governo.

Com nomes muito mais qualificados dentro do PT, como Patrus Ananias e Tarso Genro, Lula opta por uma candidata que na sua análise séria fácil de controlar e manobrar. Cometendo um segundo erro, ao entregar a vice presidência ao PMDB e a um político ardiloso e maquiavélico, Lula preparou o terreno para o surgimento das forças políticas reacionárias e fascistas. Com a mudança no cenário internacional provocada pela crise do sistema bancário norte americano, de 2008, a partir de 2011, no governo Dilma, foi adotada uma política de incentivo ao consumo, de congelamento dos derivados de petróleo e redução artificial das taxas de juro. No segundo mandato a política econômica entra em colapso, com o crescimento da inflação, da taxa de desemprego e , pela primeira vez na história, dois anos seguidos de recessão.

Aproveitando-se da fragilidade do governo, da incapacidade de negociação política de Dilma, o vice presidente com o apoio de seu aliado Eduardo Cunha, articula o impeachment da presidente Dilma. Com a insatisfação popular resultante do aumento das tarifas públicas, do alto índice de desemprego e da volta da inflação, fica fácil para Temer viabilizar o impeachment. O movimento de insatisfação popular faz surgir um vigoroso crescimento de grupos fascistas , fortalecendo a extrema direita, que resultaria na viabilização da candidatura de Jair Bolsonaro, que se fortalece nas mídias sociais como o candidato anti Sistema.

Consegue eleger a segunda maior bancada no Congresso e inexpressivos candidatos ao governo em vários Estados da Federação. Com a indicação de qualificados quadros técnicos para as áreas de infraestrutura e economia o governo consegue reverter a tendência de estagnação econômica e inicia um grande programa de desestatização, criando forte expectativa de crescimento econômico, com queda da inflação e das taxas de juros. Contudo, setores estratégicos como educação, relações exteriores, cidadania e direitos humanos, turismo e cultura são entregues a Ministros despreparados sem a devida qualificação para liderarem setores tão importantes, gerando desgastes na imagem do governo. Assim como Dilma, que enfrentou a grave crise econômica de 2008, o governo Bolsonaro é atingido pela crise provocada pela Pandemia do Covid 19. Ambos os presidentes subestimam os efeitos das crises, adotando posturas equivocadas e sofrendo sérios desgastes nas avaliações de desempenho dos respectivos governos.

Contudo, o mais grave diz respeito aos indicadores econômicos, com a volta de uma grande recessão econômica com expressiva taxa de desemprego. Bolsonaro se mostra tão despreparado quanto a presidente Dilma, e, ameaçado por um processo de impeachment abandona as promessas de campanha, distribuindo cargos a deputados do Centrão, fortalecendo também a presença de representantes das forças armadas no governo, incentivando grupos de extrema direita e flertando com um novo golpe militar. Sem a Guerra Fria que existia em 64 e com a provável derrota do aliado Donald Trump, a hipótese do Golpe Militar se mostra completamente inexequível.

Osvaldo Campos – Engenheiro Civil e Mestre em Administração (UFBa), é membro do Conselho de Infraestrutura da FIEB

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